Trump recua e agro do Brasil celebra fim do tarifaço

Brasil e Brasília - Cascavel – “Sextou” com “S” maiúsculo para os exportadores de carne, café e frutas do Brasil. O setor produtivo ligado ao agronegócio nacional acordou comemorando a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retirar o chamado tarifaço de 40%, imposto por ele aos produtos brasileiros no começo de abril deste ano.

No decreto divulgado pela Casa Branca ainda na noite de quinta-feira (20), o presidente norte-americano apresentou como justificativa as negociações com o governo brasileiro e consultas com funcionários, determinando que certos produtos agrícolas não estariam sujeitos à tarifa adicional estabelecida na Ordem Executiva 14323, responsável por impor a alíquota.

As isenções são retroativas e passam a valer a partir do último dia 13 de novembro. Conforme o decreto, as taxas de importação pagas no período serão reembolsadas pelos Estados Unidos. No dia 14 de novembro, Trump anunciou que deixaria de cobrar a tarifa recíproca de 10% imposta sobre produtos agrícolas do mundo.

Nas redes sociais, o presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), deputado federal Pedro Lupion, afirmou que a decisão é atribuída à pressão interna do mercado e do consumidor americano pelo elevado índice de inflação e ao competente agronegócio brasileiro, que consegue inserir no mercado produtos com maior competitividade e com preços mais atrativos para os americanos. “A carne brasileira chega mais barata, o café brasileiro e as frutas compõem boa parte da necessidade alimentar dos EUA”, reforçou Lupion.

O Brasil segue na luta em relação ao mercado de exportação de madeiras, afetando diretamente as indústrias do Paraná, inclusive com demissões em massa.

Comemoração e alívio

Em nota encaminhada pela Comunicação da FAEP à redação do Jornal O Paraná, o presidente interino, Ágide Eduardo Meneguette, comemorou a decisão. Para o Sistema FAEP, a medida representa um fôlego importante para cadeias produtivas essenciais à economia estadual — entre elas, a pecuária de corte e o café — e recompõe as perspectivas de negócios que haviam sido comprometidas desde o anúncio do “tarifaço”, em agosto.

O presidente interino da FAEP, Ágide Eduardo Meneguette, afirma que a retirada das taxas atende a uma demanda defendida pela entidade desde o início da crise. “O mercado norte-americano é estratégico para a agropecuária do Paraná, historicamente responsável por cifras bilionárias em exportações do nosso Estado. A retirada das taxas é uma forma de os nossos produtores rurais viabilizarem negócios em um momento complicado, por conta do alto custo de produção e margens apertadas”, enfatiza.

Segundo o dirigente, a entidade atuou de forma contínua, cobrando do governo federal providências tanto no campo diplomático quanto no suporte direto às cadeias produtivas afetadas. Ao longo dos últimos meses, o Sistema FAEP reforçou a necessidade de articulação com autoridades norte-americanas, alertando para o impacto das tarifas sobre setores já pressionados pela volatilidade de preços, pelo encarecimento dos insumos e pela instabilidade logística internacional.

Fim das incertezas

Desde agosto, produtores paranaenses conviviam com incertezas sobre a manutenção dos embarques aos Estados Unidos, tradicionalmente um dos principais destinos das exportações de proteína animal e café do Estado. A imposição das tarifas dificultou negociações e travou contratos, gerando receio em frigoríficos, cooperativas e agroindústrias. Para Meneguette, o anúncio da suspensão representa um passo fundamental para evitar perdas ainda maiores.

“Era evidente que nossas cadeias produtivas não teriam condições de absorver esse impacto sem prejuízos significativos. Por isso, insistimos para que o governo federal tratasse o assunto com prioridade máxima, tanto para restabelecer o diálogo com os Estados Unidos quanto para oferecer segurança aos nossos produtores”, lembra o presidente interino da FAEP.

A retirada das tarifas é uma vitória, mas seguimos atentos. O produtor precisa de previsibilidade para planejar, investir e manter sua atividade ativa. “É fundamental que o país fortaleça sua atuação diplomática para garantir estabilidade aos nossos mercados externos”, reforça Meneguette.

Resultado do esforço conjunto

Também em nota encaminhada à redação, a Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos) e o Sindicarne-PR (Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná) dizem reconhecer o esforço conjunto que permitiu a retirada da tarifa adicional de 40% aplicada pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, incluindo a carne bovina. A medida, anunciada pelo governo norte-americano, representa um avanço significativo para o comércio bilateral e devolve segurança às exportações do setor.

Segundo a entidade, a reversão só foi possível graças à atuação coordenada entre governo e iniciativa privada, que trabalharam de forma técnica e estratégica para esclarecer às autoridades dos EUA os fundamentos que tornavam a cobrança indevida. A Abrafrigo destacou especialmente o empenho do Ministério das Relações Exteriores, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e do Ministério da Agricultura e Pecuária. Para a associação, essas equipes forneceram informações “claras, robustas e decisivas”, determinantes para a revisão da tarifa.

A entidade também parabenizou toda a cadeia da pecuária bovina — da indústria aos produtores — que retoma, sem restrições adicionais, o acesso a um dos mercados mais importantes e exigentes do mundo. A Abrafrigo reforçou ainda sua convicção de que o diálogo construtivo entre Brasil e Estados Unidos fortalece a confiança mútua, amplia oportunidades comerciais e gera benefícios concretos para as populações de ambos os países.

De acordo com o Ministério da Agricultura, a partir da decisão do governo americano, o Brasil reassume o status competitivo no mercado dos EUA.