RIO – Os empresários presentes ao Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase), no Rio, lamentavam a suspensão das negociações das ações da Eletrobras na Bolsa de Nova York. Para Cláudio Salles, presidente do instituto Acende Brasil, órgão de pesquisas do setor elétrico, a esperança é que o novo governo reduza sua intervenção no setor elétrico e na própria Eletrobras. A suspensão das ações em NY é ruim para a estatal, segundo os empresários, mas não afetará o mercado que já esperava isso ocorrer.
? Vejo essa situação com muita tristeza. A Eletrobras tem a combinação mais perversa de ter sido terrivelmente prejudicada por políticas de governo, como a fatídica MP 579 de 2012, combinadas com uma gestão lastimável, submetida ao uso político de diversas naturezas ? destacou Salles.
O executivo citou como outro efeito negativo para a Eletrobras as distribuidoras federalizadas, principalmente da Região Norte, que a estatal foi obrigada a assumir o controle. Essas empresas sempre deram prejuízos que, segundo ele, já representam cerca de R$ 20 bilhões nos últimos anos.
? E esses custos não tiveram nenhuma contrapartida, nem na melhora da qualidade dos serviços prestados por essas distribuidoras, nem na saúde econômica das empresas.
Todos os empresários são unânimes em afirmar que a Eletrobras chegou à situação crítica atual, principalmente por causa da MP citada por Salles, que obrigou a companhia a renovar as concessões de geração e transmissão, o que gerou uma forte redução de suas tarifas de energia elétrica. A renovação feita para diminuir as o preço da energia dos consumidores em 20% em 2013, resultou em uma redução de receita do grupo Eletrobras da ordem de R$ 8,5 bilhões por ano, e seu valor de mercado caiu drasticamente.
Os executivos se mostravam, contudo, confiantes nas mudanças prometidas pelo novo governo e esperam uma redução da intervenção do governo no setor elétrico.