Quando um casal se casa parte do pressuposto de que será pelo resto da vida. No entanto, apesar desta expectativa, podem surgir eventos no decurso da relação que levam o casal a ter de reavaliar a união. Trata-se de momentos difíceis de crise e de conflito.
Quando chegam esses momentos, em vez do diálogo franco, costumam acontecer discussões, brigas, ofensas, recriminações e acusações recíprocas. Em vez do olhar para o belo e o bom sonhado no início se perguntam: “Como pude estar tão cego?”.
Em semelhante quadro, a dinâmica mais comum entre os casais é a da busca pelas culpas (isto é, das causas ou motivos) e pelo culpado (o responsável) pela crise. Querer encontrar os motivos da separação parte da suposição de que “se” o casal tivesse sabido o que os levou à situação teria sido possível evitar a separação. Ou, então, que bastaria o parceiro ou a parceira mudar seu comportamento para tudo ficar bem outra vez.
Em geral não existe um culpado único pela separação e nem algo específico que possa ser o motivo determinante. A separação acontece porque ambos estão enredados à sua maneira e seguem caminhos divergentes. Assim, procurar pelo culpado, em geral, aprofunda o abismo entre ambos e não traz solução. A solução é ambos se entregarem à dor por tudo haver acabado. É uma dor profunda semelhante a do luto pela morte. E em certo sentido é uma morte: Na separação a outra pessoa “morre” para nós. Em vez disso, numa separação a raiva costuma substituir a dor do luto.
A separação se efetiva não quando o casal assina o divórcio, e sim quando a relação entre eles está pacificada. Muitas vezes o casal não consegue se separar porque lhes falta aceitação. Nesse caso, Bert Hellinger sugere que um diga ao outro, ainda que só interiormente: “Eu tomo o que você me deu. Foi muito, e vou honrar e levar comigo. O que lhe dei, dei de bom grado e você pode ficar com isso. Pelo que deu errado entre nós dois, assumo minha parte da responsabilidade e deixo a sua para você, e agora deixo você em paz”.
___________
JOSÉ LUIZ AMES E ROSANA AMES MARCELINO são consteladores familiares e terapeutas sistêmicos e conduzem a Amparar