Opinião

Coluna Amparar: Porque os casais se separam?

Coluna Amparar: Porque os casais se separam?

Quando um casal se casa parte do pressuposto de que será pelo resto da vida. No entanto, apesar desta expectativa, podem surgir eventos no decurso da relação que levam o casal a ter de reavaliar a união. Trata-se de momentos difíceis de crise e de conflito.

Quando chegam esses momentos, em vez do diálogo franco, costumam acontecer discussões, brigas, ofensas, recriminações e acusações recíprocas. Em vez do olhar para o belo e o bom sonhado no início se perguntam: “Como pude estar tão cego?”.

Em semelhante quadro, a dinâmica mais comum entre os casais é a da busca pelas culpas (isto é, das causas ou motivos) e pelo culpado (o responsável) pela crise. Querer encontrar os motivos da separação parte da suposição de que “se” o casal tivesse sabido o que os levou à situação teria sido possível evitar a separação. Ou, então, que bastaria o parceiro ou a parceira mudar seu comportamento para tudo ficar bem outra vez.

Em geral não existe um culpado único pela separação e nem algo específico que possa ser o motivo determinante. A separação acontece porque ambos estão enredados à sua maneira e seguem caminhos divergentes. Assim, procurar pelo culpado, em geral, aprofunda o abismo entre ambos e não traz solução. A solução é ambos se entregarem à dor por tudo haver acabado. É uma dor profunda semelhante a do luto pela morte. E em certo sentido é uma morte: Na separação a outra pessoa “morre” para nós. Em vez disso, numa separação a raiva costuma substituir a dor do luto.

A separação se efetiva não quando o casal assina o divórcio, e sim quando a relação entre eles está pacificada. Muitas vezes o casal não consegue se separar porque lhes falta aceitação. Nesse caso, Bert Hellinger sugere que um diga ao outro, ainda que só interiormente: “Eu tomo o que você me deu. Foi muito, e vou honrar e levar comigo. O que lhe dei, dei de bom grado e você pode ficar com isso. Pelo que deu errado entre nós dois, assumo minha parte da responsabilidade e deixo a sua para você, e agora deixo você em paz”.

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JOSÉ LUIZ AMES E ROSANA AMES MARCELINO são consteladores familiares e terapeutas sistêmicos e conduzem a Amparar