WASHINGTON – Os principais credores internacionais dos estados brasileiros ? Banco Mundial (Bird), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) ? dificilmente ficarão com prejuízos em caso de calote dos governos locais, uma vez que o Tesouro Nacional é o fiador de todos os empréstimos. Mas fontes próximas a estes bancos de fomento veem um risco cada vez maior de atrasos em pagamentos.
Apesar da cautela e do sigilo para tratar das questões dos financiamentos aos estados brasileiros, fontes próximas a estas entidades confirmam que ao menos mais uma unidade da federação, além do Rio de Janeiro, já deu sinais de que ficará inadimplente. O nome deste estado, contudo, ainda não foi revelado.
Embora os bancos não venham a sofrer prejuízos com estes atrasos, a imagem do Brasil fica arranhada e isso pode dificultar projetos futuros. Como contam com o aval do Tesouro Nacional, todos os contratos de financiamento do exterior precisam ser aprovados pelo Senado. Assim, há a sensação de que o governo e o Congresso foram coniventes com estados que não tinham reais condições de arcar com estes empréstimos.
BIRD CONFIRMA ATRASO DO RIO
O BID não comenta a situação do Rio. Mas o banco informa que possui oito contratos com o estado, que somam US$ 645,9 milhões (ou cerca de R$ 2,3 bilhões). Quatro deles são de financiamento. O maior, de US$ 452 milhões (ou R$ 1,6 bilhão), visa a programas de ampliação da oferta de saneamento em municípios do entorno da Baía de Guanabara. Um outro contrato, de US$ 112 milhões, foi para ações de turismo, US$ 60 milhões para um projeto de inclusão social de jovens e US$ 20 milhões para modernização tributária. Outros quatro contratos são de doação (US$ 2,21 milhões). Os recursos foram destinados à gestão de projetos-pilotos nas áreas tributária, ambiental, fiscal e social.
O Banco Mundial, por sua vez, não dá detalhes da relação do banco com nenhum governo, mas reconhece os problemas com o Estado do Rio:
?Confirmamos que o estado do Rio de Janeiro está em atraso em alguns pagamentos ao Grupo Banco Mundial. Todos os nossos empréstimos a entes subnacionais contam com uma garantia do Governo Federal, que trata dos procedimentos para solucionar situações como esta?, disse o organismo multilateral, por nota.