NITERÓI – Na próxima quarta-feira, os 150 mil veículos que passam diariamente pela Ponte Rio-Niterói encontrarão mudanças importantes. A principal delas tem aparência discreta, mas é a que deve gerar mais ruído: a partir do dia 1º de junho, a rodovia passa a ser fiscalizada por radares eletrônicos que vão multar todos os veículos que ultrapassarem o limite de 80km/h. Outras novidades poderão ser notadas pelos usuários, como o sinal para conexão gratuita de internet via wi-fi e gradeamento nos acessos. As alterações estão entre os compromissos estabelecidos em contrato para o primeiro ano de concessão da Ecoponte, prazo que termina no fim do mês.
A praça do pedágio também será ampliada, com a criação de mais duas cabines com cobrança mista (tanto manual como automática) e uma faixa para motos. Atualmente, segundo a Ecoponte, cerca de 50% dos veículos utilizam as faixas automáticas. Para se ter uma ideia do impacto das cancelas automáticas, há duas semanas um problema durante a mudança do sistema de cobrança eletrônica fez com que a liberação das cancelas ficasse manual. Como resultado, o tempo de travessia chegou a 50 minutos. Outras obras previstas em contrato para execução até o fim do mês são a instalação das duas cabines para a Polícia Rodoviária Federal, uma em cada sentido. Radares, sistema de wi-fi e o posto na saída para Niterói já estão instalados, embora ainda não operem. Já a cabine policial no sentido Rio ainda não é vista na Ponte. Embora o prazo contratual para implantação do conjunto de melhorias esteja apertado ? faltam quatro dias ?, a concessionária afirma que entregará tudo dentro do limite.
Segundo a Ecoponte, o conjunto de equipamentos de fiscalização tem o objetivo de dar mais segurança e fluidez ao tráfego. É o caso dos radares, que se tornam uma realidade após anos de especulações e boatos. Serão quatro conjuntos em cada sentido da rodovia ? o que dá uma média de um aparelho a cada três quilômetros. O atual limite de 80km/h foi mantido, mas agora o abuso de velocidade custará caro ao motorista. O condutor que percorrer toda a extensão— da Ponte a 100km/h vai chegar ao outro lado com quatro multas de R$ 127 cada e mais 20 pontos na carteira de motorista, o suficiente para perder a habilitação. Os equipamentos serão instalados nas descidas do vão central, na reta do Cais do Porto, na grande reta e próximos à Ilha do Mocanguê. As autuações ficam a cargo da PRF. A Ecoponte informou que não terá participação na arrecadação da receita com multas.
? Os radares trarão como consequência a diminuição exponencial no número de acidentes, uma vez que a velocidade é certamente o maior causador de acidentes na Ponte ? garante Daniel Cerqueira, chefe da 2ª Delegacia da PRF (Ponte). ?Vale lembrar aos motoristas que, na prática, estar a 100km/h ou a 80 km/h, no fim das contas, vai dar uma diferença de apenas dois minutos. Não justifica o risco.
Professor de Transportes da UFF e da Uerj, o engenheiro Gilberto Gonçalves explica que a definição do limite de velocidade leva em consideração as características de cada via. Ele lembra que a Ponte foi inaugurada, em 1974, com velocidade máxima de 120km/h, mas eram apenas três faixas e havia acostamento.
? Hoje são quatro faixas mais estreitas, então, é necessário diminuir o limite. Os automóveis não andam em linha reta. Eles oscilam, e essa movimentação é maior ou menor, dependendo da velocidade ? explica o engenheiro, que também fala sobre a disponibilidade de wi-fi na rodovia. ? Entendo que é uma tendência. Daqui para frente, cada vez mais carros estarão conectados à internet. Então será um serviço útil. É óbvio que não é algo para o motorista, mas para os passageiros e para o veículo ? avalia.
Entre os motoristas, há quem discorde. Morador de Itaipu, o músico Breno Brito defende que a velocidade máxima da via deveria ser maior.
? Na Ponte, a 80km/h você tem a sensação de andar a 50km/h por hora. Imagina de noite. Vai dar sono no motorista ? critica.
Para os próximos anos, a concessionária diz que estuda as mudanças no fluxo de veículos após a conclusão das obras na Transoceânica, da Avenida Brasil e na região do Porto Maravilha, que prometem desafogar o trânsito nas saídas da ponte.
? Para melhorar o transito num local, você investe em outro. Com as novas alternativas que diminuem o trânsito interno, como o túnel Charitas-Cafubá, a perspectiva é de melhorar o fluxo ? avalia Wilson Castilho, gerente de contratos da Ecoponte.