
Cascavel – Um novo movimento surge para, quem sabe, colocar um ponto final de décadas de afronta e humilhação provocados por um movimento que se diz defensor da reforma agrária, mas vive à margem da lei: o MST.
Agora é a vez do MCT (Movimento dos Trabalhadores Rurais Com Terra), cuja ideia surgiu despretensiosamente em uma conversa informal entre o advogado catarinense Marcelo Barison, juntamente com a filha e do genro. A reportagem do Jornal O Paraná conversou com o precursor do movimento em busca de mais detalhes sobre os próximos passos a serem dados pelo MCT.
A mobilização ganhou uma dimensão meteórica e já chegou ao conhecimento do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, que dias atrás, em um evento, já estampou a nova bandeira do movimento (foto). As questões jurídicas para a criação do MCT já estão bastante adiantadas. A ideia é fazer também uma cartilha para divulgar de que forma o movimento pretende proceder em caso de ameaças ou de invasões de terras, a partir de agora, no Brasil. “Vamos mobilizar todo o Brasil”, garantiu Barison.
Catarinense
Marcelo Barison é advogado, produtor rural e técnico agropecuário em Santa Catarina. Seu escritório advoga há anos uma causa envolvendo a Fazenda Volta Grande, localizada no município de Zortea, no Meio-Oeste catarinense. A área já foi invadida quatro vezes e está sob interdito proibitório com sentença transitória em julgado. Por conta do Abril Vermelho, teve início novamente uma mobilização para uma nova invasão na área no dia 26 de março. “Decidimos se antecipar e fazer um ato na fazenda, reunindo vários produtores e autoridades. Deu certo e conseguimos debelar qualquer tentativa de nova invasão”, relata.
O modus operandi do novo MCT segue coincidentemente, a linha da lei que já existia no estado catarinense, batizado de Abril Amarelo. “O que fizemos é a materialização dessa lei, sem saber que ela existia até então. Todos vestiram a camisa e compraram a ideia dessa mobilização”.
TERRA DA GENTE
A preocupação também diz respeito ao decreto governamental Terra da Gente. Para se ter uma ideia, o produtor rural corre o risco de perder a sua terra caso não consiga honrar com o pagamento no caso de uma frustração de safra. Isso tem preocupado e muito os produtores rurais de todo o Brasil.
A deputado federal Daniela Reinehr é autora do PDL (Projeto de Decreto Legislativo) 1276, que susta os efeitos desse programa, que prevê a desapropriação por adjudicação compulsória. O projeto da deputada federal tramita na Comissão de Constituição e Justiça. “Ninguém vai tolerar mais invasões de terra; ninguém vai tolerar crimes e ninguém vai tolerar o desrespeito à propriedade privada e ao produtor rural”, disse a deputada federal, em suas redes sociais.
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, autor da lei Abril Amarelo, de combate às invasões de terra no estado, participou da mobilização na Fazenda Volta Grande, em Zortea. Em seu pronunciamento, ele foi taxativo: “Enquanto eu for governador, aqui não tem invasão de terra, seja por bem ou pelo rigor da lei. O projeto é um só: defender a decência e a propriedade privada”. O governador finalizou com a seguinte frase: “Se eles vierem, o bambu vai roncar”.
MCT já tem respaldo pelo Brasil
O MCT já conta com apoio de diversos políticos ruralistas e, há poucos dias, também obteve o respaldo da FAESP (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo). Na segunda-feira, dia 14 de abril, o MCT será lançado oficialmente no Mato Grosso, em um evento que terá a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro e do deputado federal Nikolas Ferreira. Três membros da diretoria da FAESP também estarão presentes.
A jornalista Cristina Graeml é outra personalidade política confirmada e já manifestou o seu apoio ao Movimento dos Trabalhadores Com Terra. “Os produtores rurais decidiram arregaçar as mangas e fazer o que é certo: proteger a propriedade privada”, disse a jornalista.
A presença de Bolsonaro, agora ficou condicionada ao estado de saúde do ex-presidente que precisou ser internado, mais uma vez por conta da facada que recebeu durante a campanha presidencial, em setembro de 2018.