Cascavel - Os vereadores de Cascavel intensificaram a mobilização contra os aumentos expressivos nas contas de energia elétrica de consumidores cascavelenses. Segundo os parlamentares, desde a instalação dos “medidores inteligentes” por parte da Copel (Companhia Paranaense de Energia), moradores têm enfrentado reajustes incomuns em suas faturas, além de problemas recorrentes na qualidade do fornecimento, especialmente na zona rural.
Entre as ações promovidas pelos parlamentares, a Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara, composta pelos vereadores Everton Guimarães (PMB), Contador Mazutti (PL) e Dr. Lauri (MDB), juntamente com o presidente do Legislativo, Tiago Almeida (Republicanos), convocou uma Audiência Pública para o dia 27 de março. O evento, segundo os parlamentares, servirá para buscar esclarecimentos da Copel.
Além da questão dos valores das contas na área urbana, a Audiência vai debater o fornecimento na zona rural. “Essa realidade impacta diretamente a vida dos moradores, bem como a produção agropecuária, que é fundamental para a economia local”, frisa o requerimento.
Correção de problemas
Horas antes do início da sessão ordinária da Câmara, realizada ontem (11), a Comissão já havia protocolado um ofício à Copel pedindo esclarecimentos sobre a situação e eventual correção de qualquer problema que venha a ser detectado nos medidores, além de outro ofício do presidente da CDC, Everton Guimarães, pedindo providências ao Procon.
Segundo Guimarães, a Copel tem argumentado que o aumento dos valores se deve ao aumento de consumo normal no verão. No entanto, a Comissão quer comparar as informações oficiais da Copel com um estudo a ser feito diretamente com os consumidores. “Estou levantando agora uma pesquisa de um histórico de 2023, 2024 e 2025. Estão falando que é o verão, então vamos comparar as contas de julho até janeiro dos anos anteriores até este ano para ver se tem diferença tão grande de consumo”, disse o parlamentar.
Requerimentos
Durante a sessão ordinária da Câmara de Cascavel, os vereadores apontaram que as queixas dos consumidores vêm se acumulando nos últimos meses. Além disso, os parlamentares aprovaram dois requerimentos. O primeiro deles, solicitando que o IPEM (Instituto de Pesos e Medidas do Estado do Paraná) realize estudos técnicos para verificar a precisão dos novos medidores. Além disso, solicitaram que o Procon tome providências sobre as possíveis falhas nas aferições.
Procon e Copel
Segundo o Procon de Cascavel, somente em 2025 foram recebidas 60 reclamações contra a empresa, sendo a grande maioria relacionada aos novos medidores.
O Município se reuniu ontem (11) com diretores da regional de Cascavel para esclarecimentos. Segundo o procurador-chefe do Procon, Lucas Fracaro, a Copel alega que os novos medidores são mais precisos e que os antigos poderiam estar subestimando o consumo. Ainda assim, o órgão promete continuar monitorando as queixas e orientando os consumidores que se sentirem lesados.
Setor empresarial cobra melhorias
Além do aumento das tarifas, a Copel enfrenta críticas pela instabilidade no fornecimento de energia, especialmente em regiões industriais e rurais. O grupo G8, que reúne as principais entidades patronais de Cascavel, reivindica a instalação de duas novas subestações para atender às crescentes demandas da cidade.
Empresários relatam prejuízos devido às quedas constantes de energia, que resultam em desperdício de matéria-prima e danos a equipamentos. O presidente da Acic, Siro Canabarro, informa que os relatos mais frequentes partem de dois extremos da cidade: regiões abrangidas pelo bairro Cataratas e entorno e do trevo da Avenida Tancredo Neves em direção à BR-163. “Empresários, principalmente, entram em contato com Acic falando das dificuldades que enfrentam com as constantes quedas no fornecimento de energia. A situação precisa ser revertida, porque os prejuízos são enormes”, conforme Siro.
Nota da Copel
Em recente resposta à redação do Jornal O Paraná/Hoje Express, a Copel afirmou que os medidores inteligentes, por estarem conectados a uma rede de telecomunicações são capazes de identificar falhas ou interrupções de maneira imediata. Os principais objetivos do programa são a redução das quedas de energia, o aumento da autonomia dos clientes por meio do acompanhamento do consumo e a agilidade operacional nos atendimentos comerciais, com a automação de serviços como leitura e religação, por exemplo.
Segundo a nota, “a variação de temperaturas é um dos fatores de influência sobre o uso da energia nas residências. No Paraná, de 2021 a 2024, a Copel observou um aumento médio de 9,5% no consumo de energia elétrica das residências paranaenses nos meses mais quentes, de outubro a março, em comparação com os meses mais frios do ano, o período de abril a setembro. A variação é mais expressiva na região Oeste paranaense, onde o consumo residencial médio nesta mesma comparação subiu 20,6%.”