BRASÍLIA- O Banco Central melhorou nesta sexta-feira novamente sua projeção para o déficit em transações correntes do Brasil para este ano, a US$ 15 bilhões, US$ 10 bilhões a menos do esperado até então, diante da balança comercial mais forte, ajudada pela fraqueza da economia.
Se confirmado, será o melhor resultado desde 2007, quando houve superávit de US$ 408 milhões. No ano passado, o rombo na conta corrente do país ficou em US$ 58,882 bilhões.
Nem mesmo a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia (UE), que pode causar impactos negativos na economia global, muda esse cenário para o BC. O chefe do departamento Econômico da autoridade monetária, Tulio Maciel, afirmou que, em termos de fundamentos, o impacto no curto prazo é “muito limitado”.
Ele lembrou que o fluxo comercial do país com o Reino Unido responde por cerca de 1,5% do total.
A decisão do referendo britânico tem gerado oscilações no preço dos ativos no mercado, mas o BC está preparado para esse tipo de situação, disse Maciel. Ele acrescentou ainda que o “regime de câmbio flutuante tem se mostrado exitoso nesta espécie de contexto”.
Com o dólar mais alto frente ao real e com a atividade deprimida, as importações vêm caindo em ritmo acentuado no Brasil. Num reflexo dessa dinâmica, o BC passou a ver superávit comercial de 50 bilhões de dólares neste ano, ante estimativa de US$ 40 bilhões.
O BC também ajustou as contas para o Investimento Direto no País (IDP) no ano, a US$ 70 bilhões, acima dos US$ 60 bilhões da última vez em que fez estimativas sobre as contas externas, em março.
A queda do déficit em transações externas é positiva pois implica menor necessidade de financiamento internacional para a economia, deixando o país menos exposto à volatilidade dos mercados.