LONDRES Enquanto alguns têm ressaca pelo Brexit, a Cornualha tem pesadelos. Só agora, depois de dar 56,52% de seus votos pela saída da União Europeia (UE), a região uma das mais pobres do Reino Unido se deu conta de que é fortemente dependente dos subsídios do bloco. E a perspectiva de ficar sem os cruciais recursos fez a ficha cair nos dias seguintes ao referendo.
Não bastou a ligação histórica com a Europa a região foi povoada pelos celtas assim como a Bretanha, que está do outro lado do Canal da Mancha para fazer os habitantes locais se comoverem pela permanência na UE. Os córnicos seguiram a pregação do campo do Leave (de sair) de que o dinheiro pago à UE poderia ser utilizado internamente. Localizado no Sudoeste da Inglaterra, o condado com pouco mais de 500 mil habitantes enfrenta a decadência de suas principais atividades econômicas a mineração e a pesca e recebe anualmente cerca de 82 milhões da UE para projetos de desenvolvimento, que incluem desde banda larga à construção de um campus universitário em Penryn.
Com a vitória do Brexit, a região espera que o fluxo de dinheiro não pare, como afirmou o conselho local em um comunicado:
Antes do referendo, fomos assegurados de que a decisão não afetaria o financiamento já alocado para a Cornualha. Estamos pedindo aos ministros a confirmação urgente de que esse é o caso.
John Pollard, líder do conselho local, disse ao jornal inglês The Independent que tomará as medidas necessárias:
A Cornualha tem mesmo o que temer. Após a divulgação do resultado do referendo, o líder do Partido da Independência do Reino Unido (Ukip), Nigel Farage, afirmou não estar certo de que todas as promessas seriam cumpridas.