Cotidiano

Asma Al Thani, designer e sheika: 'Queremos inspirar a mulher a disputar em igualdade'

201605241515281943.jpg “Tenho 27 anos, nasci em Doha, onde me formei em Design pela Universidade da
Virginia, no Qatar. Trabalhei como diretora de Marketing e Comunicação no
Mundial de Handebol, que sediamos em 2015, e agora exerço o cargo no comitê
olímpico, que terá um centro de hospitalidade onde era a Casa Daros, em
Botafogo.”

Conte algo que não sei.

O chef Alex Atala foi recentemente ao Qatar e ficou bastante impressionado e
inspirado com os nossos sabores. Fizemos uma prova da gastronomia que vamos
apresentar, e acho que a fusão vai ser um sucesso para quem nos visitar.

Como será o centro qatari na Casa Daros?

Será um portal para o Qatar, em que as pessoas poderão experimentar os
cheiros, os sons, o entretenimento. Haverá exposições, e os visitantes vão poder
fazer passeios virtuais pelo país, pela nossa História e a população e ver o que
Brasil e Qatar dividem em comum.

Como vê o olhar do brasileiro em relação ao seu país e a sua
cultura?

Até agora, penso que há curiosidade do povo brasileiro. As pessoas querem
ver, querem aprender, e eu amo essa característica. Acho que cada país do
Oriente Médio já começa a ter uma identidade. É claro que temos semelhanças, mas
temos muitas diferenças.

Como você passou a se interessar por esportes?

Na escola. Eu costumava participar de vários projetos. Jogava futebol e
corria 100m rasos. Cresci entre muitos irmãos, e acabávamos sempre competindo
entre nós.

O Qatar vai brigar em breve pela Olimpíada? Vocês estão sediando
uma série de competições, parece que há um teste de instalações.

Agora estamos nos Mundiais de Atletismo, em 2019; de
Esportes Aquáticos, em 2023; na Copa do Mundo, em 2022; e no Mundial de
Ginástica, em 2018. É claro que a Olimpíada está na mira, sempre há
esperança.

O COI tem uma nova agenda de Jogos, a Agenda 20+20 (que prima por
sustentabilidade, direitos humanos e respeito à liberdades de gênero). Acha que
ela pode ser um obstáculo para esse sonho?

Não penso assim, creio que… desafios são bons.
Acreditamos todos na Agenda 20+20, em transformar vidas através do esporte e
naquilo que o COI pretende para os Jogos. Acompanhamos essa rota. Tem sido uma
política nossa promover a mulher no esporte. Queremos inspirá-la já nas escolas,
fazê-la disputar em igualdade de condições e promover mudanças no esporte e na
cultura. Certa vez, minha mãe me disse: ?Não é seu pai nem seus irmãos que vão
estabelecer seus limites. É você mesma.?

O Qatar foi intimado pela Organização Internacional do Trabalho a
mudar a Kaffala (legislação trabalhista para estrangeiros, análoga à
escravidão), sob risco de sanções.

O Qatar está empreendendo reformas, já segue padrões
internacionais. Fazemos um grande esforço para adequar nosso sistema às
exigências da OIT. Será possível ver a transformação em um ou dois anos.

Um país que é apaixonado por esportes. Tem a terceira renda per
capita do mundo. Mas por que os resultados esportivos não são compatíveis com
essa realidade?

Somos um país bastante jovem, tudo é muito novo para nós. Mesmo assim, nosso
time masculino de handebol foi vice-campeão no Mundial que sediamos no ano
passado. Vocês vão começar a ver nossos resultados em breve.

Qual é o seu sonho olímpico pessoal?

Ver o Qatar conquistar um ouro, talvez numa prova vencida por uma mulher.