ISTAMBUL – Centenas de milhares de turcos devem se manifestar neste domingo em Istambul, na última de uma série de importantes mobilizações a favor da democracia e em apoio ao presidente turco depois do golpe de Estado fracassado de 15 de julho.
Os militantes do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), do presidente Recep Tayyip Erdogan, tem saído às ruas todas as noites desde o fracasso do golpe no qual morreram 273 pessoas, incluindo os 34 conspiradores. Alguns meios de comunicação calculam que até 3,5 milhões de pessoas devem participar no protesto deste domingo.
Erdogan tem sido criticado dentro e fora do país por medidas que afirma serem para proteger a democracia após a tentativa de golpe. Já seus críticos afirmam que são para silenciar qualquer oposição em todos os setores da vida turca.
O presidente jurou “livrar o país” da rede do clérigo Fethullah Gulen, turco, hoje baseado, cujos seguidores nas forças de segurança, serviço público e no judiciário ele acusa de estarem por trás da recente tentativa de golpe e de conspiração para derrubar o Estado. O clérigo, que já foi aliado do presidente, nega as acusações e denunciou publicamente o golpe.
Dezenas de milhares de pessoas foram suspensas de cargos, detidas ou presas desde o golpe. São soldados, policiais, juízes, jornalistas, médicos e funcionários públicos, o que gerou críticas que Erdogan está usando os eventos para aumentar seus poderes.
“As praças são do povo”
“O triunfo é da democracia, as praças são do povo”, dizem os folhetos colocados sob as portas de madrugada anunciando ônibus gratuitos, assim como barcas e metrôs abertos para o protesto. A frase está em cartazes pelas ruas, banners em prédios e pontos por toda Istambul.
Erdogan convidou os líderes da oposição secular e nacionalista, que estão apoiando o governo contra o golpe, para falar ao público. Ele espera mostrar um país unido para os críticos ocidentais.
As críticas vem também da Alemanha, onde o líder do partido liberal Democratas Livres chegou a comparar o golpe com o incêndio do Reichstag, em 1933, no governo de Hitler.
“É um golpe de dentro e de cima, como do Reichstag. Ele está construindo um regime autoritário apenas para si mesmo. Como direitos e liberdades individuais não são mais importantes para o Estado, ele não pode ser mais um parceiro da Europa”, disse Christian Lindner.
O governo turco rejeita fortemente sugestões ocidentais que de que os expurgos são exagerados, dizendo que outros países não estão vendo a magnitude da ameaça a democracia e o Estado Turco e estão mais preocupados com os direitos dos golpistas do que com os dos mortos e suas famílias.