SÃO PAULO. A defesa do ex-presidente Lula voltou a se manifestar pela suspeição e incompetência do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, para conduzir a investigação contra seu cliente. Em novo ofício encaminhado a Moro, argumenta que o juiz “não se mostra revestido da necessária imparcialidade” para julgamento da causa e volta a afirmar que foram tomadas medidas arbitrárias e abusivas durante a investigação. Para os advogados, a atuação do juiz se mostra “política” e que suas “reais inclinações” são contra Lula e o Partido dos Trabalhadores.
Como exemplo, a defesa cita a participação do juiz Sérgio Moro em evento promovido pela Lide, empresa de João Dória Júnior, real.izado em 22 de setembro de 2015. João Dória é hoje candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSDB. Na época, a candidatura ainda não havia sido oficializada, mas os advogados de Lula argumenta que já se sabia que João Dória era pré-candidato e inclui reportagens de jornais, de 28 de agosto de 2015, que falam sobre a oficialização da pré-candidatura do empresário à Prefeitura de São Paulo.
Entre as medidas consideradas arbitrárias pela defesa estão a condução coercitiva para depoimento e as interceptações telefônicas divulgadas. Os advogados afirmam que a condução coercitiva, que privou Lula de sua liberdade por seis horas, foi ilegal, arbitrária e abusiva e que o isolamento, ainda que temporário, serviu para criar “uma atmosfera de intimidação”, que “fragiliza a autonomia e vontade do indivíduo”. Argumentam ainda que o ato serviu como espetáculo para cooptar a opinião pública”.
Sobre as interceptações telefônicas que tiveram sigilo aberto pelo juiz os advogados afirmam que elas não podem ser analisadas como uma falha isolada, mas num conjunto onde “são sucessivos e recorrentes ‘erros’ e afrontas às normas legais, a evidenciarem uma finalidade estranha ao processo”.