Cotidiano

Aliados de Dilma tentarão barrar impeachment usando Lava-Jato

BRASÍLIA – Apesar de saberem que a maioria do Senado deverá aprovar nesta terça-feira o prosseguimento do processo contra a presidente Dilma Rousseff e a realização de seu julgamento final, os aliados da petista tentarão suspender a sessão. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou nesta segunda-feira que os dilmistas deverão apresentar 11 questões de ordem para suspender ou adiar o julgamento.

? Vamos solicitar a interrupção desse processo. É um absurdo que a presidente Dilma esteja sendo julgada por causa de três créditos suplementares e pedaladas, enquanto o presidente interino é acusado de receber dinheiro de propina ? disse Costa.

Segundo o petista, não se trata de uma tentativa de “procrastinar” os debates, mas de paralisar o processo para se fazer uma ampla investigação sobre as denúncias envolvendo o presidente interino.

? Sempre recebemos com cautela denúncias resultantes de delações, é preciso que haja provas. Mas se forem verdade, são extremamente grave e recomendam a suspensão do processo de impeachment ? afirmou o senador petista.

O líder da oposição no Senado, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), disse que as denúncias envolvendo Temer, e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, “mudam tudo” e que o afastamento de Dilma não pode se transformar num “salvo-conduto” ao presidente interino. Lindbergh anunciou que a oposição entrará com ações na Justiça ainda hoje para tentar barrar o processo.

As denúncias estão relacionadas a depoimentos de dirigentes da Odebrecht, dentro das investigações da Lava-Jato e indicariam que recursos da empresa foram repassados ao PMDB para ajudar em campanhas eleitorais de forma extraoficial.

? Vamos entrar com ação no Supremo Tribunal Federal porque a nossa preocupação é: se a presidente Dilma for afastada, ele (Temer) vai estar blindado. A votação do processo de impeachment mas significará uma blindagem de Temer, que não poderá ser investigado por fatos anteriores ao mandato. É a blindagem da investigação. Nossa preocupação é com o fato de ele não poder ser investigado. Essa pressão do Temer (para agilizar a votação final do impeachment) se deu por causa das delações e não por causa da viagem da China e do G-20 ? disse Lindbergh Farias.

Segundo ele, as denúncias indicam que Temer teria negociado o recebimento de R$ 10,5 milhões. Ele disse ainda que o ministro Padilha deveria renunciar ou se afastar diante das denúncias.

? Estão querendo afastar por três decretos e pedaladas do Banco Safra. Mas são R$ 10,5 milhões para o Temer ? provocou o petista.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) aproveitou para lembrar que Temer foi vaiado na abertura da Olimpíada do Rio.

? E Temer estava lá para estragar a festa ? disse ela.

O Senado realiza nesta terça-feira sessão para votar o parecer do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) favorável ao afastamento definitivo da presidente Dilma. É a segunda fase do processo de impeachment, chamada de “juízo de pronúncia”, quando se declara que há elementos de prova contra a denunciada e que deve haver o julgamento final. Dilma está afastada desde o dia 12 de maio.

O parecer do senador Anastasia precisa ser aprovado pela maioria dos senadores, ou seja, pelo menos 41 dos 81 senadores.

Nessa segunda fase, a sessão será presidida pelo presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, que é o chefe do processo de impeachment.