Com 'bons quilômetros de estrada a mais', Thiago Pethit volta ao Rio

RIO ? Thiago Pethit está rodando o Brasil há dois anos com seu mais recente disco, “Rock’n’roll sugar darling”, lançado em 2014. De lá para cá, já fez mais de cem shows e rodou as principais capitais e festivais independentes do país.

Nesta terça, o cantor e compositor paulistano desembarca no Rio para abrir a quarta edição do A.Nota, no Oi Futuro de Ipanema. Antes, conversou com o GLOBO.

Thiago Vedova, idealizador e curador do A.Nota, contou que você inaugurou o projeto. Agora está de volta. Quais são as diferenças centrais entre o Pethit daquela ocasião e o de agora?

No mínimo, é um Pethit que ganhou alguns bons quilômetros de estrada (risos). Acredito que de um ponto de vista pessoal, houve poucas mudanças até. Continuo acreditando que ser um artista independente é libertador, continuo trabalhando sozinho e empenhado em construir uma carreira que possa se manter num mercado tão fugaz. Mas o sentido e o significado do meu trabalho tem sido refeito a cada disco.

De lá pra cá, tudo se tornou mais agressivo, mais direto, mais selvagem como o rock deste último disco. O meu público mudou, a cena independente mudou, o Brasil mudou, a economia mudou… Esse Pethit que chega ao A.Nota em 2016 é um reflexo de tudo isso.

Como você vê a continuidade de projetos como esse? Qual a importância deles?

Projetos como esse são uma forma de resistir. No Brasil, fazer cultura e arte são sempre formas de resistência. O A.Nota torna possível um diálogo entre artistas e públicos que, sem projetos assim, encontrariam muitas dificuldades de se conhecer, de se experimentar ao vivo. Thiago Pethit – Quero Ser Seu Cão (Sacada Vevo)

Sobretudo na cidade do Rio de Janeiro, que é um ótimo exemplo do que estou dizendo. Sou um artista que toca Brasil afora desde 2010, fiz mais de 100 shows com este último disco em dois anos, passei por quase todas as capitais do país. Em algumas delas mais de uma vez ao longo desses dois anos. E, no Rio de Janeiro, é apenas a segunda vez em que me apresento com este disco. Porque o Rio é uma cidade dificílima de se negociar cultura e entretenimento. Existe algo na cultura carioca que torna quase impossível a absorção de artistas fora da cultura mainstream. Acredito que até mesmo artistas cariocas devam sofrer com isso sem nem mesmo precisar de passagens ou hospedagens.

É a capital cartão postal do Brasil, é onde acontecerá uma olimpíada, e é inimaginável que todas as vezes em que se negocia um show no Rio, os locais sofram com problemas estruturais. Por isso, eu sou absolutamente aplausos a um projeto como este. Sinto que eu e o Rio, e os artistas do Brasil todo, temos muito a agradecer por esse projeto seguir existindo e torcer para que possam acontecer mais ideias assim.