BUENOS AIRES ? O vídeo postado na última sexta-feira no Twitter pela ?Equipe CFK? dura quase um minuto e meio e poderia ser intitulado ?uma ex-presidente em campanha?. Mas Cristina Kirchner (2007-2015) prefere não ser tão explícita, embora tudo o que tem feito e dito encaixe perfeitamente num plano de ação destinado a lançar sua candidatura para as eleições legislativas do ano que vem, segundo analistas locais.
Visitas a bairros pobres da Grande Buenos Aires; beijos e abraços efusivos em seus seguidores; discurso agressivo em relação a seus adversários (a Justiça e o governo do presidente Mauricio Macri) e permanente recordação de um passado que, segundo ela, foi muito melhor do que o presente ?cada vez mais difícil?. cristina
Desde que começaram a avançar processos judiciais nos quais está acusada de lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito e fraude ao Estado, Cristina decidiu reativar sua agenda política. Semana passada, os promotores Gerardo Pollicita e Ignacio Mahiques solicitaram que a ex-presidente seja intimada a depor e, em sua resolução, afirmaram que durante seu governo e o de seu marido e antecessor, Néstor Kirchner (2003-2007), existiu uma associação ilícita criada para favorecer empresários amigos como o sócio Lázaro Báez.
Os negócios entre Báez e a família Kirchner já estão sendo investigados pelos juízes Claudio Bonadio e Julián Ercolini. Paralelamente, o juiz Sebastián Casanello tem em suas mãos um processo sobre supostas operações de lavagem de dinheiro realizadas pelo empresário preso desde abril passado.
Mas Cristina fala pouco sobre tudo isso. Seus assuntos preferidos são o tarifaço aplicado por Macri, a inflação, a insegurança e a pobreza, flagelos que, em grande medida, provocaram a derrota do kirchnerismo nas presidenciais de 2015.