Se a gente pensar sobre a presença do inglês no nosso dia a dia, não será difícil chegar à conclusão de que ele está a nossa volta desde a infância. Nos desenhos animados, filmes, seriados e publicidade ou mesmo nas músicas que cantamos mesmo sem saber o significado das letras. Sem falar no ?hot dog? e no refrigerante ?light? que pedimos no ?delivery?. No entanto, muitas vezes, essa familiaridade nos faz cair em roubadas, como a de traduzir erradamente palavras que têm escritas parecidas com o português, mas significados diferentes.
Da mesma forma, diferentes regras, tempos verbais um tanto mirabolantes e pegadinhas sonoras podem dar uma rasteira nos distraídos, especialmente na hora de fazer o Enem ou um vestibular tradicional.
Coordenadora de inovação pedagógica da Seven Idiomas, Michelle Perego diz que o primeiro erro é achar indispensável entender cada palavra dos enunciados e das alternativas para, só então, decidir qual a resposta correta. O tempo perdido com esse método pode fazer falta.
? Muitas vezes, as perguntas estão relacionadas a palavras de duplo sentido ou à capacidade de relacionar informações do texto com uma ilustração, por exemplo. O ideal é se preocupar com o entendimento da ideia geral e apelar para a tradução de palavra a palavra apenas se a questão estiver, de fato, testando a compreensão de detalhes ?, recomenda Michelle.
Treinar essa compreensão de texto exige algum esforço, mas é um trabalho que de forma alguma precisa ser penoso. Para Sérgio Klass, professor de Inglês do CPV Educacional, assistir às séries favoritas com o áudio original sem legenda pode tornar o treinamento fácil e até divertido.
? Acompanhar notícias em sites e revistas internacionais, variando os assuntos, também ajuda muito. E uma dica que considero essencial: ao encontrar palavras e termos que não compreende, anote tudo, com seus significados, em um glossário. É assim que você vai estimulando a memória ?, propõe Sérgio.
Para evitar que você ganhe uma hashtag #fail nas provas e na vida, os professores Michelle e Sérgio e a tradutora Tati O’Neill apontam e explicam as pegadinhas mais comuns do inglês.
1. To make versus to do; to wear versus to use
Traduzindo ao pé da letra, os verbos têm o mesmo significado: os dois primeiros indicam “fazer”; os dois últimos, “usar”. No inglês, no entanto, as aplicações são diferentes.
“Geralmente, usa-se make para atividades que produzem algo, como ‘make dinner’ (fazer o jantar), por exemplo. O to do está relacionado a uma ação menos palpável, como ‘do exercises’ (fazer exercícios)”, explica Tati.
Na mesma linha, to wear refere-se a vestir, mesmo que acessórios (‘wear glasses’ = usar óculos), enquanto to use serve para as demais situações.
2. Cair nos falsos cognatos
Os falsos cognatos são palavras de grafias semelhantes, mas de origens distintas. Entre o português e o inglês, é fácil identificar alguns deles:
– Eventually: erroneamente traduzido como eventualmente. Na verdade, significa ‘por fim’ ou ‘finalmente’;
– Actually: frequentemente interpretado como atualmente, porém significa ‘na verdade’, ‘na realidade’ ou ‘realmente’;
– Assume: ao contrário do que a semelhança com o português sugere, não é assumir. Seu significado correto é supor;
– Parents: quer dizer pais, e não parentes.
3. Esquecer que uma palavra pode ter vários significados
“O Enem de 2015 tinha uma questão com a palavra season, que pode significar tanto estação do ano quanto temporada (de futebol, de séries de TV etc). Conhecer palavras que têm mais de um significado pode ajudar muito na hora de interpretar textos”, lembra Michelle.
Veja outros exemplos: plant (planta, fábrica, usina), interest (interesse, juros), house (casa, abrigar, providenciar moradia) e por aí vai.
4. Não incluir os verbos auxiliares
Pode-se dizer que os verbos auxiliares têm como função “ajudar” outros verbos. Fazer perguntas sem incluir essas palavras é um dos erros mais comuns no inglês. Como exemplo de auxiliares, temos: do, does, don’t, doesn’t, will, was/were e have, entre outros.
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5. Desconhecer os phrasal verbs
São formados por verbos mais preposição ou advérbio, por exemplo take off (tirar ou decolar) . “Os phrasal verbs são complicados para quem não fala inglês, porque muitas vezes seu sentido não é exatamente a soma das partes. Por isso, saber o que eles significam ajuda bastante nas provas”, diz Michelle.
Alguns vestibulares têm questões como “o sentido de bring up no texto acima pode ser descrito como…”, sendo este um phrasal verb cuja tradução depende bastante do contexto: pode ser mencionar, trazer à tona, criar ou, até, vomitar.
6. Não dar atenção às idioms (idiomatic expressions) no aprendizado
As idioms são expressões comuns, cujo sentido pode ser difícil de entender se você traduzir ao pé da letra. Por exemplo, to call it a day significa declarar o fim de uma tarefa.
“Conhecer idioms pode ajudar tanto em questões diretas, do tipo ‘o que significa a expressão a piece of cake?’, como em indiretas, do tipo ‘no texto acima, o autor usou a expressão a piece of cake com a intenção de…'”, exemplifica Michelle. Por sorte, alguns idioms são traduções literais de expressões em português, como to cry over spilled milk (chorar o leite derramado).
7. Cair no vício e ignorar as variações de yet
“Esse é um termo que os alunos logo associam a ‘ainda’. Porém, é aplicável apenas quando yet está no fim de uma frase negativa. Se está no início de uma frase afirmativa, yet quer dizer ‘no entanto’ ou ‘entretanto'”, explica o professor Sérgio.
8. Confundir palavras de pronúncia parecida
Não é preciso dizer o quanto uma boa pronúncia faz diferença em testes orais, não é mesmo? Em provas escritas você não terá esse peso nas costas, mas conhecer palavras de pronúncia semelhante, que podem facilmente ser confundidas entre si, evita que você cometa erros de tradução e interpretação. Nesse sentido, dedicar tempo ao enriquecimento do vocabulário é a melhor saída. Confira algumas palavras que podem gerar confusão no inglês:
– sheep (ovelha) e ship (navio);
– steal (roubar), steel (aço) e still (ainda);
– die (morrer) e dye (corante);
– heal (curar) e heel (salto);
– weather (clima) e whether (se).
9. Não dedicar tempo à compreensão dos pronomes
“É importante que o aluno esteja atento à referência que o pronome está fazendo. São comuns questões como ‘o pronome his, na linha x do texto, se refere a…'”, conta Michelle. “Entre os estudantes brasileiros, ainda é comum confundir his (seu – dele) com your (seu – de você)”, continua.
Vale prestar atenção também na diferença entre pronomes demonstrativos:
– this/these (isto, isso, este, esta, esse, essa/estes, estas, esses, essas) – para algo ou alguém próximo de quem fala;
– that/those (aquele, aquela/aqueles, aquelas) – para algo ou alguém distante de quem fala.
10. A pegadinha do if
Aqui é preciso lembrar que fala e escrita têm diferenças. “A conjunção condicional if atrai o verbo to be, que deve corresponder a were. O erro está em afirmar ‘if I was’, o que é aceitável na linguagem falada, porém errado para efeito de Enem ou vestibular”, finaliza Sérgio.
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