RIO ? Os estudantes brasileiros que participaram da 10ª Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA, na sigla em inglês) realizaram uma façanha inédita. Pela primeira vez, foi conquistada uma medalha, mesmo que de bronze, na competição por equipes. Também foram conquistadas, individualmente, outras duas medalhas de bronze e três menções honrosas.
? É um feito ? disse o professor professor João Batista Canalle, coordenador da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica. ? Ficamos à frente de países como Índia, China e Coreia do Sul, que treinam a molecada desde pequenos para participarem dessas competições.
A equipe brasileira foi formada pelos estudantes Gabriel Cawamura, Giancarlo Pereira, Lucas Vilanova, Pedro Seber e Vitor Gomes, todos de São Paulo. Na competição, eles tiveram que resolver um suposto problema de voo na sonda espacial Voyager. Giancarlo Pereira e Pedro Seber também receberam a medalha de bronze individual, e o restante da equipe conquistou menções honrosas.
A competição por equipes foi vencida pela Bulgária, com o Irã ficando em segundo, de um total de 41 países participantes. No quadro de medalhas individuais, a Rússia ficou na frente, com três medalhas de ouro e duas de bronze, seguida pela Índia, com dois ouros e três pratas, e pelo Irã, com dois ouros, duas pratas e um bronze. A IOAA aconteceu entre os dias 9 e 19 de dezembro em Bhubaneswar, na Índia.
A equipe brasileira é formada por alunos do Colégio Etapa, de São Paulo. Canalle explica que eles foram selecionados entre os cerca de 800 mil participantes da Olimpíada Brasileira de Astronomia. As provas são aplicadas pelas escolas participantes e os 6 mil mais bem colocados participam de um teste on-line. Destes, são selecionados 200 para uma prova presencial, e os 20 melhores são escolhidos para treinamento em astronomia. Destes, cinco vão para a IOAA.
Apesar de estarem no ensino médio, os estudantes precisam ter conhecimentos de nível de graduação. As provas na olimpíada internacional vão desde testes teóricos, como a resolução de problemas, a questões práticas, como o manuseio de telescópio e reconhecimento da posição de objetos no céu.
? Os conhecimentos beiram o nível da graduação ? disse Canalle. ? Alguns colégios estão investindo na formação de equipes para participarem de competições. Para os estudantes, é uma oportunidade. Além da chance de ganhar uma medalha e de fazer uma viagem internacional como essa, as conquistas abrem as portas para universidades no exterior.
Para Gabriel Cawamura, do terceiro ano do ensino médio, a conquista confirma a carreira que pretende seguir. Ele conta que sempre gostou de física, especialmente da astrofísica. Para participar da olimpíada, ele recebeu treinamento em astronomia.
? Ela confirma pelo menos o ramo que quero seguir na faculdade. Por enquanto, apenas tenho certeza que é exatas, mas ainda estou meio em dúvida entre uma coisa mais teórica, como matemática ou física, ou algo mais prático ? disse Cawamura. ? Outra coisa é que a olimpíada faz com que muitas pessoas de países bem diferentes se conheçam, o que eu achei uma experiência bem interessante e única.