Candidato da situação, auditor da Receita Federal e presidente do Conselho Fiscal tricolor defende modelo participativo na condução do futebol e diz que, se eleito, escolherá um técnico que se encaixará na filosofia do clube. Aborda as contestações
a Peter Siemsen e revela que convidou o presidente para participar da gestão.
Seu trabalho de auditor da Receita pode atrapalhar a negociação com o Maracanã?
A restrição é eu não poder representar o Fluminense perante o poder público. No entanto, temos o vice geral, o vice jurídico. Isso não traz prejuízo ao clube, só para mim, porque posso perder o emprego.
Este impedimento o obrigaria a ter um homem forte, um braço direito. Já há?
O vice geral está sendo escolhido. Uma possibilidade é ele sair de candidaturas concorrentes.
O presidente Peter Siemsen faria parte de possível gestão?
Ele vai descansar um pouco e depois voltaria para trabalhar em algum projeto específico, mas não em cargo executivo de futebol ou de gestão.
Você contestou o Peter em áudio, quando ele disse estar surpreso com o orçamento estourado, e também ressaltou que ele não quis vender o Gum, que aliviaria a folha…
O áudio saiu descontextualizado. Obviamente que ele sabe o que está acontecendo. A partir do momento que ele é responsabilizado pelo estouro, a gente tem que se manifestar no sentido negativo. A decisão de deixar ou não o jogador sair é dele.
Depois, teve o caso do e-mail, em que você também contestou o Peter. Como é a relação?
Como são pessoas diferentes, é normal uma pessoa discordar da outra. Mas a decisão é sempre do presidente, que enxergou em mim uma pessoa capaz de dar seguimento ao trabalho.
Sua presidência seria de continuidade?
Existem linhas mestras e eu continuo dentro desta linha. Naturalmente, algumas coisas não puderam avançar.
O que não avançou e precisaria ser feito de imediato?
Mudar a forma de fazer futebol, que precisa de mais profissionais. Eu pretendo criar um grupo para decidir a estratégia de montagem do elenco. O gerente da base fará parte, junto com o gerente executivo, treinador e o presidente e o vice.
No futebol, é difícil chegar ao consenso. Esta ideia não pode ser problema para o time?
Não. Na verdade estarão em sintonia. Naturalmente, há divergências, mas nós já temos até um documento, que se chamará Ata de Contratação, onde estará explicitada a opinião de cada um. Vai ficar claro quem tomou cada posição.
Como você pretende conduzir a comissão técnica? O time deve virar o ano com um treinador interino…
O técnico terá de adaptar-se ao modelo de fazer o futebol. Ele não virá com sua filosofia para ver se dá certo, terá que se encaixar. A minha intenção não é ter rotatividade.
O que os torcedores poderiam esperar? Títulos ou um maior esforço gestor para estruturar o clube?
As duas coisas não são excludentes. O Fluminense foi campeão brasileiro em 2012, não faz tanto tempo assim. Estruturar o corpo técnico de condução do futebol, equilíbrio na gestão e organização administrativa convergem para títulos.
Quatro anos sem um Brasileiro não é muita coisa?
Se a gente fizer uma média dos 12 grandes times, há muitos mais times que estão há mais de quatro anos sem ganhar. O Vasco não ganha, o Botafogo não ganha, o Flamengo…
Qual seria o perfil do elenco?
Temos que reequilibrar economicamente e taticamente. Analisar as posições que têm jogador sobrando ou faltando. E, na janela, fazer esforços para equilibrar.
Mas seria elenco de estrelas ou de categoria de base?
Quando utiliza a base, sobra mais dinheiro, recursos para investir em jogador de nome, que vai segurar o tranco. Este é o balanceamento que te leva a gastar melhor o dinheiro.
Qual filosofia para Xerém? Retorno técnico ou vitrine?
O jogador tem um momento de maturação e, quanto mais maduro, mais valor tem. O natural é que se firme, dê retorno e, aí sim, dê seguimento.
A saída do Fred deixou vago o posto de ídolo. Como seria ocupado?
Tem que ocupar. O que chama torcedor são jogadores de nome. O Fred era, talvez, o maior ídolo da história recente do Fluminense e a saída dele deixa tristeza. Certamente, o Fluminense precisa de um ídolo e vamos buscar assim que assumir.
E as Laranjeiras?
Será a Academia Laranjeiras, para jogar partidas da base, que criam laços do jogador de Xerém com o clube.
E como seria o estádio na Barra da Tijuca?
Um estádio de menor porte, mas os jogos de apelo seriam no Maracanã. Isto vai demorar. É projeto para seis anos.
Em que pé está o Maracanã?
Indefinido. Existe chance de outra empresa assumir e seria interessante que o contrato do Fluminense fosse mantido.