BRASÍLIA ? O presidente Michel Temer afirmou nesta quinta-feira que não houve “qualquer irregularidade” no recebimento de um cheque de R$ 1 milhão durante a campanha presidencial de 2014, quando ele era vice na chapa de reeleição de Dilma Rousseff.
Para esclarecer o destino do repasse ? PT ou PMDB ?, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) marcou um novo depoimento de Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez e delator na Lava-Jato. Segundo delação do executivo, o valor de R$ 1 milhão teria sido pago ao PT, como parte de acerto de propina de 1% em contratos da empreiteira com o governo federal. A defesa de Dilma, no entanto, afirma que o dinheiro era para o partido de Temer, o que contraria a tese do presidente de que as contas dele e de Dilma poderiam ser julgadas separadamente pelo TSE.
O presidente, por meio do porta-voz, negou irregularidades. Ele disse que “basta ler o cheque”, enfatizando que o documento é “nominal do PMDB”. Assessores do Palácio do Planalto entregaram cópias do cheque para os jornalistas durante a fala do porta-voz.
? Trata-se de cheque nominal do PMDB repassado para a campanha do então vice-presidente Michel Temer, datado de 10 de junho de 2014. Basta ler o cheque. Reitere-se que não houve qualquer irregularidade na campanha do então vice-presidente Michel Temer ? declarou.
No entanto, além do cheque, a defesa de Dilma também apresentou documento do PMDB da prestação de contas de campanha em que o partido do presidente informa que recebeu R$ 1 milhão da Andrade Gutierrez. Há ainda o comprovante de depósito do cheque na conta bancária da campanha de Temer de 2014.
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, também negou malfeitos. A chapa de Dilma e Temer, em 2014, teria pago quase R$ 2 milhões a uma gráfica cujo dono é cliente do escritório de advocacia do ministro.
? As contas foram apresentadas ao TSE pela campanha conforme determina a legislação. Os critérios adotados para a contratação foram de economicidade e viabilidade na distribuição dos materiais ? disse o porta-voz Alexandre Parola.
Depois de falar em reunião com ministros nesta quinta-feira que a situação do Rio é “seríssima”, e que o ministro da Defesa, Raul Jungmann, está “preocupadíssimo” com a segurança do estado, Temer voltou a dizer que acompanha “de perto” a situação fiscal fluminense, e que mantém contatos constantes com o governador, o correligionário Luiz Fernando Pezão.
Temer anunciou ainda que, apesar do atraso na promessa, fará um jantar com senadores na próxima quarta-feira, no Palácio do Alvorada. A decisão do Planalto de retirar a urgência do projeto de lei para retomar o pente-fino no INSS ? já que a Medida Provisória do tema caducou no Congresso ? foi justificada por uma tramitação “fluida” no Legislativo.
O presidente informou também que ainda não anunciou oficialmente o senador Romero Jucá (PMDB-RR) como líder do governo no Senado, em substituição a Rose de Freitas (PMDB-ES). Jucá foi ministro do Planejamento de Temer somente por 12 dias e caiu após a divulgação de gravações telefônicas em que sugeria frear a Lava-Jato.