Cotidiano

Lula diz ser vítima de pacto 'quase diabólico' entre mídia, PF, MP e Moro

SÃO PAULO – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira acreditar ser vítima de um “pacto quase diabólico” entre a mídia, o Ministério Público, a Polícia Federal e o juiz Sérgio Moro, para incriminá-lo na Operação Lava-Jato. A declaração foi dada durante o lançamento da campanha “Por Um Brasil para Todos e pra Lula”, que conta com a adesão de artistas, lideranças políticas e intelectuais.

No ato em São Paulo, que contou a presença de cerca de mil pessoas, foi lido em manifesto de defesa de Lula em relações às acusações que são feitas pela força-tarefa da Lava-Jato. Os organizadores anunciaram que o texto já teve a adesão de, pelo menos, 600 pessoas.

Ao discursar, Lula foi duro nos ataques aos investigadores da Lava-Jato, mas não chegou a citar nominalmente o juiz Sérgio Moro.

– Eu penso que eles cometeram um pequeno erro: mexeram com a pessoa errada. Não tenho nenhuma preocupação de prestar contas à Justiça brasileira. Esse não é o meu problema, nem da minha família. O que eu tenho preocupação é quando vejo um pacto quase diabólico entre a mídia, a Polícia Federal, o Ministério Público e o juiz que está apurando todo esse processo.

O ex-presidente é réu em três ações relacionadas à Lava-Jato. Duas das ações correm no Justiça Federal do Distrito Federal e uma em Curitiba.

– Não me sinto confortável participando de um ato da minha defesa. Eu me sentiria confortável participando de um ato de acusação à força-tarefa da Lava-Jato,que está mentindo para a sociedade brasileira – afirmou o líder petista, no início da sua fala.

Lula ainda acrescentou que os investigadores da Lava-Jato fazem mal ao Ministério Público, “uma instituição que tem muita gente séria”, e à Polícia Federal, “que foi criada para defender o estado brasileiro e não para permitir que delegados, comprometidos ideologicamente e politicamente com determinados partidos, façam falsas acusações”.

A fala do ex-presidente também teve como alvo a imprensa:

– Gostaria de não estar aqui me defendendo, mas acusando o comportamento perverso dos meios de comunicação deste país, que mentem descaradamente.

Lula ainda desafiou os investigadores apresentarem contra ele “uma prova concreta”.

– Não vale dize apenas que tem convicção, que acredita naquilo. Não aceito a ideia que a convicção vale como prova porque, se eu dissesse a convicção que tenho deles, vai ficar muito ruim para eles – atacou o petista.

O ex-presidente falou de improviso as palavras mais duras, mas, em seguida, leu um discursos previamente preparado.

– Eu tenho discurso por escrito porque preciso me policiar. Eu não posso dizer o que estou pensado e tenho vontade de falar.

Por fim, Lula prometeu aos presentes “lutar até o fim para provar a sua inocência”.