
Nascido no Rio, em 1940, Helio ganhou um violão do pai aos 12 anos. Após trabalhar em usinas de açúcar ou como balconista em lojas de discos, passou a se apresentar em boites do Rio (como Plaza) e São Paulo, cidade onde morava na mesma pensão que Tom Zé.
Lançou seu primeiro compacto em 1968, mas a consagração viria apenas no ano seguinte, com “Comunicação”, feita em parceria com Édson Alencar (e que, em 1970, seria gravada também por Elis Regina, no LP “Em pleno verão”, e Dóris Monteiro). Era o que faltava para que o compositor ganhasse a atenção de destacados cantores da época.
Em 1974, emplacou dois grandes sucessos nas paradas nacionais: o samba de breque “Camisa Dez” (“É camisa dez da seleção/ laiá, laiá, laiá…”), na voz de Luiz Américo, e a romântica “Meu segredo”, cantada por Antonio Marcos.
Da patota de Hyldon, Tim Maia e Luíz Vagner, entre outros expoentes do sambalanço e do soul brasileiro, Helio foi contratado pela RCA Victor, gravadora em que lançou seu primeiro LP, “Matheus segundo Matheus” (1975).
Com arranjos de Oberdan “Black Rio” Magalhães, Zé Rodrix e Chiquinho de Moraes, além da participação do Azymuth como banda de apoio (era um total de 128 músicos!), o antológico disco trazia pérolas do samba-rock e samba-jazz como “Marraio”, “Miss Kriola” e “Briguenta”. Paredes de metais swingantes e um baixo que batia forte como um sino de catedral davam o tom.
Helio chegou a emplacar uma música na trilha sonora da novela “O Astro” (1977). Era “Boi da cara branca”, inspirada no filho Marcelo e interpretada pelo próprio compositor que, a esta altura, passara ao elenco da Som Livre. Era a garantia de apresentações no horário nobre do Globo de Ouro, no momento de maior fama do músico.
Vieram, porém, a separação de Jane, sua primeira mulher, e outros problemas pessoais. No início da década de 80, Helio rompeu com João Araújo (fundador da Som Livre) e trocou Copacabana por São Paulo, onde foi trabalhar na Sicam, sociedade arrecadadora de direitos autorais. Ainda teve músicas gravadas por artistas como Sérgio Reis e Jair Rodrigues, mas os dias de sucesso já haviam passado.
Casou-se novamente (agora com Tania) e viu nascerem mais duas filhas (Heliana e Luciana), mas o alcoolismo o afastou da família. Nos últimos anos, Helio morou em três albergues públicos de São Paulo, onde tinha sem-tetos como companheiros. Com problemas de locomoção por causa de dois AVCs, aceitou relutante uma transferência para o Retiro dos Artistas. O sepultamento será neste sábado, às 10h30, no Cemitério do Caju.
Joia esquecida e fora de catálogo, o LP “Matheus segundo Matheus” hoje tem aura de cult, alcançando cotações em torno de R$ 3 mil nos sites de vendas.