Com a recessão no Brasil, as empresas se voltaram para o mercado externo em 2016. O número de companhias exportadoras somou 2.323 no Paraná, 5,8% mais do que das 2.196 registradas em 2015. Os dados são de um levantamento do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes) com base nos dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
O movimento foi puxado pelos pequenos e pelos grandes exportadores. O número de empresas com vendas acima de US$ 100 milhões teve crescimento de 21%, passou de 33 para 40. As companhias com embarques de até US$ 1 milhão passaram de 1.575 para 1.704 entre 2015 e 2016, avanço de 8,2%.
Com o dólar mais favorável e a recessão interna, a saída das empresas foi abrir mercado externo, de acordo com Julio Suzuki Júnior, presidente do Ipardes. É um movimento tanto das pequenas quanto das grandes empresas e de todos os setores. Um dado importante é que as pequenas exportadoras também são as que geram, proporcionalmente, mais empregos. Ou seja, as exportações ajudaram também a amenizar os efeitos da crise sobre o mercado de trabalho, diz.
PEQUENOS – O número de exportadores de pequeno porte vêm aumentando no Paraná nos últimos anos. O volume de empresas com exportações de até US$ 1 milhão cresceu 25,5% entre 2010 e 2016, passando de 1.358 para 1.704.
Fabricante de adesivos para embalagens para a indústria, com sede em Curitiba, a Novelty Partners é um exemplo dessa tendência. A solução para contornar a retração no Brasil tem sido buscar o mercado externo. Já exportamos para Argentina, Paraguai e Uruguai e agora nos preparamos para entrar na Espanha e na França, diz Danniel Salomão, diretor e fundador da empresa.
A Novelty produz um adesivo antiderrapante para embalagens da indústria. Com as fábricas reduzindo a produção na crise, a empresa sentiu a queda nas encomendas dos seus produtos. Hoje 25% do nosso faturamento já vem das exportações. É uma forma de reduzir a dependência do mercado interno e se sair melhor em períodos de crise, diz Salomão.
A empresa acaba de contratar um financiamento junto à Fomento Paraná para apoiar suas novas ações no mercado externo. Com uma produção de cerca de 20 toneladas de adesivos por mês, a Novelty espera que as exportações representem, dentro de alguns anos, até 40% do faturamento.
NOVATAS O levantamento do Ipardes mostra também um número significativo de empresas que fizeram sua estreia no mercado internacional em 2016. Do total de empresas exportadoras no Paraná no ano passado, 25% eram estreantes.
GRANDES – Algumas empresas também vêm ampliando embarques e ingressaram no grupo das exportadoras com receitas acima de US$ 100 milhões. É o caso da Aker Solution, que tem fábrica em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, que fabrica equipamentos para o setor de petróleo e gás no Paraná; a Tetra Pak, que tem fábrica de embalagens em Ponta Grossa, e a CNH, indústria de máquinas agrícolas, que tem fábrica na Cidade Industrial de Curitiba.
A previsão é que em 2017 haja um crescimento ainda mais expressivo no número de exportadores no Paraná. O cenário externo para o ano ainda aponta para uma demanda externa mais forte do que o consumo no Brasil. Por outro lado, o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos deve ampliar a depreciação do Real em relação ao dólar, o que favorece os exportadores, diz Suzuki Júnior. A China, principal destino das exportações brasileiras, por sua vez, deve manter o ritmo de encomendas.