ROMA – Mesmo antes de sair oficialmente do cargo, o primeiro-ministro Matteo Renzi já teria um plano para voltar à chefia do governo italiano ? dessa vez, por votação popular para evitar a pressão interna por renúncia. De acordo com analistas, caso o país consiga aprovar uma lei eleitoral que permita convocar eleições gerais em breve, Renzi poderia tentar uma eleição nacional e evitar uma votação sobre sua liderança dentro do Partido Democrático (PD, centro-esquerda), mesmo depois do fracasso num referendo para mudar a Constituição tê-lo feito anunciar a saída.
? É uma aposta. E a aposta é que os 60% que votaram contra Renzi (no referendo) estão divididos entre [Beppe] Grillo, [Silvio] Berlusconi e a Liga Norte ? disse ao “Guardian” o analista Wolfango Piccoli, da Teneo Intelligence, referindo-se aos líderes opositores a Renzi. ? Há o risco de que, se não houver eleições em breve, o PD perca ainda mais espaço. A economia não está melhorando, e eles podem ter que tomar ainda algumas decisões politicamente impopularismo como o resgate de bancos. RENZI
O PD não admite abertamente a possibilidade de Renzi voltar ao cargo, limitando-se a dizer que está de acordo com a renúncia. No entanto, ele deve se manter como secretário-geral da legenda, na qual tem respaldo quase absoluto. Ele entrou no cargo após o então premier Enrico Letta perder uma moção de confiança.
A Itália poderia convocar eleições antecipadas já para o próximo mês de fevereiro, disse o ministro do Interior, Angelino Alfano, ao jornal “Corriere della Sera”. Por enquanto, não se sabe quais serão os próximos passos do governo, enquanto a oposição pressiona por uma nova votação no prazo mais breve possível.
? Posso fazer um prognóstico sobre a vontade de realizar eleições em fevereiro. Naturalmente, será o presidente Sergio Mattarella que decidirá, não eu ? disse Alfano ao jornal italiano.
Mas Renzi teme ficar por muito tempo como chefe do PD tendo saído do cargo de premier, segundo Francesco Galietti, da Policy Sonar.
? Renzi continuaria responsabilizado pelos eleitores por potenciais problemas que surgirem, prejudicando seus prospectos de vencer uma futura eleição. Ele quer eleições rápidas, mas o mais cedo é provavelmente maio ou junho.
PRESIDENTE TENTA SOLUÇÃO RÁPIDA
Renzi deixará o cargo provavelmente até sexta-feira, esperando a votação da Lei Orçamentária. O país ainda precisa reformar a sua lei eleitoral antes de convocar novas eleições, o que poderia retardar o processo. Segundo Alfano, a Corte Constitucional italiana poderia fazer um pronunciamento que resolvesse a questão neste período.
A hipótese mais provável é a formação de um governo tecnocrático, com um novo líder apoiado pela atual maioria de centro-esquerda do Parlamento. Dentre os nomes mais cotados, estão o Presidente do Senado, Pietro Grasso, e o ministro das Finanças, Pier Carlo Padoan.
O Movimento Cinco Estrelas, legenda de oposição com forte discurso populista, já pressiona pela dissolução do Parlamento e eleições antecipadas no prazo mais curto possível. A esperança do grupo, liderado pelo comediante Beppe Grillo, é ver a sua força política ampliada com uma provável candidatura do atual vice-presidente da Câmara de Deputados, Luigi di Maio.