O Brasil participa do Pisa desde sua primeira edição, em 2000. Dezesseis anos depois, não houve uma única política pública educacional em nível federal que pudesse ser caracterizada como resposta direta às sucessivas vergonhas apontadas pelo exame.
Enquanto isso, muitos países fizeram mudanças substanciais em suas políticas educacionais com o objetivo de alcançar, ao mesmo tempo, a excelência e a equidade. Ou seja, não perder posições na corrida estratégica de formação de cérebros, ao mesmo tempo que se busca alcançar a justiça social. Essas reformas incluem, principalmente, um currículo academicamente rigoroso, formação docente para ensiná-lo, apoio operacional à estrutura de aprendizagem e monitoramento obsessivo do aprendizado para poder corrigir rumos.
Por aqui, a população foi às ruas e pediu, metaforicamente, educação padrão FIFA. Algo mais exigente para suceder o que o Pisa expõe: que não se aprende muita coisa nas escolas brasileiras. Entretanto, o que o Congresso Nacional aprovou como Plano Nacional de Educação foi manter o desempenho dos alunos praticamente onde está hoje (meta 7 – chegar ao final do decênio com 473 pontos, que equivale ao nível do pisa e meta 5 – alfabetizar as crianças até os 8 anos de idade), só que gastando 10% do PIB!
A decisão de implementar aqui as reformas levadas a cabo em países como Canadá e Portugal, que já colhem ótimos resultados tanto em excelência, como em equidade, é política – fugir do corporativismo e da mediocridade e partir para enfrentar enormes desafios. Se resolvermos realmente priorizar a educação, teremos que quebrar paradigmas e abandonar maus hábitos. Isso vale para professores, alunos, suas famílias e até para a sociedade no seu conjunto. Exige dedicação, resiliência e ambição acadêmica. Se aplica para ricos e pobres, pois as comparações par a par envergonham também as escolas de elite. Não nos enganemos.
Sobral, no semi-árido do Ceará, já fez esse movimento há 20 anos, colheu resultados e parte agora para um currículo padrão Pisa. Mostra que é possível, mas também que depende de enorme disposição e compromisso moral. Estaremos todos dispostos?
* Ilona é mestre em Educação pela PUC-Rio