RIO ? Há cerca de 99 milhões de anos, um jovem dinossauro teve sua cauda plumada presa em resina de árvore, uma armadilha mortal para a pequena criatura. Mas o seu destino agora dá uma oportunidade única para os cientistas analisarem a espécie de dinossauro com penas, que prosperou durante o Período Cretáceo.
Em estudo publicado no periódico ?Current Biology? nesta quinta-feira, pesquisadores apresentaram um pedaço de âmbar ? resina de árvore fossilizada ? com um pequeno fragmento do rabo de um dinossauro. Medindo 36 milímetros, a estrutura é completa, com ossos, carne, pele e penas. O dinossauro em si também era pequeno, com menos de 6 centímetros, praticamente do tamanho de um pardal.
? É o primeiro de seu tipo ? disse o paleontologista Ryan McKellar, do Royal Saskatchewan Museum, no Canadá, um dos pesquisadores envolvidos no estudo. ? O novo material preserva a cauda que consiste em oito vértebras de um jovem animal, elas estão cercadas por penas que estão preservadas em três dimensões e com detalhes microscópicos.
Os cientistas suspeitam que a causa pertencia a um tipo de dinossauro parecido com uma ave, bípede, conhecido como maniraptora, um dos muito grupos desses répteis que possuía penas. Os pássaros, que surgiram por volta de 150 milhões de anos atrás, durante o Período Jurássico, evoluiu de pequenos dinossauros plumados.
? Nós vemos penas ainda presas à cauda, e nós podemos ver como elas se prendem, o formato delas em escala micrométrica, e características como o padrão de pigmentos ? disse McKellar.
Com equipamentos sofisticados de escaneamento e observações microscópicas, os pesquisadores determinaram que o conjunto de penas era castanho na parte de cima, mas com uma coloração mais pálida, esbranquiçada na parte de baixo. Esse é um padrão de camuflagem presente hoje em algumas espécies animais, conhecido como contracoloração.
Segundo McKellar, o fato de o dinossauro ter ficado com a cauda presa provavelmente ?foi o fim do jogo para o animal. Eles não perdem suas caudas como alguns lagartos?.
A anatomia da cauda permitiu aos cientistas determinar que ela não pertencia a um pássaro porque ela era longa e flexível, e não possuía as vértebras fundidas, como nas aves. A descoberta também joga luz sobre a evolução das penas.
O pedaço de âmbar foi descoberto por acaso pelo líder do estudo, Lida Xing, da Universidade de Geociências da China, em Pequim. A preciosidade estava sendo comercializada num mercado de âmbar em Myitkyina, em Myanmar, destinada a se tornar uma curiosidade ou a peça de uma joia, mas Xing reconheceu seu potencial científico e sugeriu que o Instituto Dexu de Paleontologia o adquirisse.