RIO ? Nomeado secretário de Estado pelo presidente eleito Donald Trump, o CEO da ExxonMobil, Rex Tillerson, comanda uma empresa cujo histórico de desastres ecológicos e relações com a Rússia e Oriente Médio poderia causar resistência e discordâncias entre as autoridades e a população americana.
Desde que o nome de Tillerson foi ventilado para o cargo ? o de maior prestígio no governo americano ? democratas e até mesmo republicanos expressaram reservas sobre seus laços com Moscou em nome da companhia petrolífera multinacional.
Tillerson, de 64 anos, passou as últimas quatro décadas na Exxon, em grande parte em busca de acordos de petróleo e gás em regiões turbulentas do mundo. Natural de Wichita Falls, no Texas, ele dirige uma empresa com operações em cerca de 50 países e cortou acordos para expandir negócios na Venezuela, no Qatar, no Curdistão e em outros lugares.
Tillerson entrou para a Exxon em 1975 como engenheiro de produção. Antes de se tornar CEO, em janeiro de 2006, ele foi gerente-geral, vice-presidente e presidente da empresa em diferentes unidades pelo mundo, sendo responsável ainda pelas participações da Exxon na Rússia e no Mar Cáspio.
Gigante do petróleo, a Exxon Mobil acumula uma série de desastres ecológicos. O de maior impacto foi o vazamento de 36 mil toneladas de petróleo do navio Exxon Valdez, no Alasca, em 1989. Centenas de milhares de animais morreram nos meses seguintes, provocando comoção mundial. Foi o segundo maior derramamento de petróleo nos EUA, depois do vazamento da British Petroleum (BP), no Golfo do México, em 2010.
Em 2013, um oleoduto no Arkansas derramou milhares de barris de petróleo canadense bruto e levou ao esvaziamento de 22 residências. Dois anos antes, a empresa já havia sido multada por um vazamento no rio Yellowstone.
RELAÇÕES COM MOSCOU
O nome de Tillerson ainda precisa ser confirmado pelo Senado, e as audiências devem jogar luz sobre os negócios da Exxon Mobil com Moscou. A empresa tem bilhões de dólares em contratos de petróleo que só avançarão se os Estados Unidos levantarem as sanções contra a Rússia. E a participação de Tillerson na indústria energética russa poderia poderia criar uma linha tênue entre seus interesses como petroleiro e seu papel como chefe da diplomata americana.
Tillerson tem sido publicamente cético sobre as sanções, que interromperam alguns dos maiores projetos da Exxon Mobil na Rússia, incluindo um acordo com a companhia estatal de petróleo para explorar na Sibéria, que pode valer dezenas de bilhões de dólares.
Em seu novo papel, Tillerson teria que lidar com a difícil relação entre os Estados Unidos e a Rússia, incluindo as sanções econômicas impostas depois da intervenção de Moscou na Ucrânia e a ocupação da Crimeia. No mês passado, o presidente Barack Obama e os líderes europeus acordaram manter as sanções até que Putin concordasse com um cessar-fogo e com a retirada de armas pesadas das linhas de frente no leste da Ucrânia.