CARACAS – O conflito político entre a oposição da Venezuela e o governo ganhou força na quarta-feira após o chavismo acusar a Assembleia Nacional de tentar um golpe de Estado. Após o colapso das conversações entre o Vaticano e os parlamentares, o governo entrou com uma denúncia contra os opositores por prosseguirem com um simbólico julgamento político do presidente Nicolás Maduro, declarando-o responsável pela crise econômica e abusos de direitos humanos. Venezuela
Os parlamentares governistas, que saíram da Assembleia em protesto na terça-feira, apresentaram queixas formais na Suprema Corte e na Controladoria na quarta-feira contra os legisladores da oposição.
? Não só estão buscando um golpe de Estado contra o presidente, mas também estão flagrantemente violando a lei ? disse o líder da minoria, Héctor Rodríguez.
A Assembleia declarou responsabilidade de Maduro, mas isto não implica na destituição dele ? não há a figura jurídica do impeachment no país.
Já o Tribunal Supremo de Justiça, que normalmente apoia Maduro, renovou os termos de dois membros do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), dizendo que a Assembleia está em desacato com a lei. Os líderes da oposição disseram que o fato é uma usurpação inconstitucional de suas funções e estavam dispostos a nomear seus próprios substitutos para os dois membros do conselho durante uma sessão do Legislativo.
? O Supremo Tribunal não pode substituir a responsabilidade da Assembleia ? disse o deputado Juan Pablo Guanipa, do comitê de nomeações. ? Eles causaram uma guerra de poderes, e isso nos leva a uma situação de total não-governança na nação.
Maduro acusa os opositores de sabotar a economia para miná-lo. A volta do conflito aconteceu na semana passada, quando fracassou um diálogo convocado pelo Vaticano e por três ex-chefes de governo internacionais. A oposição alegou que as autoridades estavam renegando acordos prometidos, inclusive um pacto que permitia negociar novos membros do conselho eleitoral de cinco pessoas. O CNE cancelou o pedido da oposição este ano para um referendo revocatório e é visto por muitos na Venezuela como sendo aliado do governo. Parlamento venezuelano quer responsabilizar Maduro por crise