RIO ? A morte do pai da revolução cubana, Fidel Castro, reafirma o novo momento de abertura vivido pela ilha caribenha, segundo o professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Luis Fernando Ayerbe. Para o especialista argentino, que é autor do livro ?A revolução cubana?, Fidel será lembrado como o líder de uma revolução que se mantém no poder até hoje na figura do irmão, o presidente Raúl Castro.
? Fidel, junto com Mao Tsé-Tung e Lênin, é um dos emblemas das revoluções sociais de esquerda que caracterizaram principalmente a segunda metade do século XX. Ele chegou ao poder e conseguiu gerar um novo sistema político e econômico, atravessando diversas fases desde 1959. A liderança de Fidel foi fundamental para manter viva a ideia da revolução socialista.
Ayerbe acredita que não haverá impacto significativo no processo político cubano, uma vez que Fidel já não estava mais no comando. E as reformas implementadas por Raúl Castro deverão continuar ganhando fôlego.
? Fidel não morreu no exercício do poder. Por causa da doença que o acometeu há vários anos, ele perdeu parte do protagonismo. Sua influência se resumia mais no debate de ideias. Ele não tinha mais influência direta no aparato do Estado.
O especialista acredita que a saída de cena de Fidel pode ter um efeito positivo entre os conservadores americanos.
? A mensagem é que se vai o principal líder da revolução cubana, então se deveria parar com atitude hostil à ilha e começar a linha do presidente Barack Obama, que deu início à abertura ? disse. ? A ideia da ida de Fidel simboliza que essa nova etapa de abertura se reafirma. Uma nova geração está chegando ao poder em Cuba, enquanto a geração da revolução está se retirando.
Na avaliação de Ayerbe, a morte de Fidel não abre possibilidade de eleições diretas na ilha.
? Raúl está no último mandado. As eleições serão dentro da dinâmica politica que já existe em Cuba.