RIO ? Os advogados Ary Bergher e Rafael Mattos orientaram Renato Hasson Chebar e Marcelo Hasson Chebar a sustentar uma versão falsa sobre um contrato fictício firmado entre uma empresa de Renato e uma companhia de Eike Batista, de acordo com o Ministério Público Federal. Os dois se reuniram com os advogados por orientação do ex-governador Sérgio Cabral, que temia que o contrao, utilizado para disfarçar um repasse de US$ 16,5 milhões de Eike, fosse descoberto.
Em seu acordo de delação premiada, que foi a base da Operação Eficiência, Renato e Marcelo relataram que foram procurados em 2010 por Carlos Miranda e Wilson Carlos, apontados como operadores de Cabral, para viabilizar o recebimento de US$ 16,5 milhões de Eike Batista. A quantia seria referente a uma dívida que o empresário tinha com o então governador. Os irmãos relataram, contudo, não saber a origem do dinheiro de Eike.
Para realizar a operação, foi celebrado um contrato de fachada entre as empresas Arcádia Associados, de Renato, e a Centennial Asset Mining Fund LLC, de Eike. O motivo alegado foi a intermediação de compra e venda de uma mina de ouro do Grupo X.
Em 2015, no entanto, Cabral procurou Renato, por estar preocupado que a transação fosse descoberta, após um extrato bancário ter sido apreendido na casa de Eike. Nesse momento, os delatores foram orientados a procurar o advogado Ary Bergher. Em ao menos duas reuniões na casa de Bergher, onde também estava presente Rafael Mattos, ?os colaboradores foram chamados para que mantivessem a versão de que o contrato fictício teria de fato ocorrido?.
Os advogados sugeriram, inclusive, que Renato e Marcelo estudassem sobre as empresas envolvidas na transação, ?para dar ares de legalidade? ao contrato. Bergher e Mattos atuam na defesa tanto de Cabral como de Eike.