BRASÍLIA ? Eunício Oliveira (PMDB-CE) foi eleito, nesta quarta-feira, para a presidência do Senado durante o biênio 2017-2018. O peemedebista recebeu 61 votos contra 10 de José Medeiros (PSD-MT), o único adversário. Dez senadores votaram em branco. A votação foi realizada em uma urna eletrônica.
Eunício substitui Renan Calheiros no comando do Congresso, e Renan assume a liderança do PMDB na Casa. A vitória confirma a manutenção da dinastia do PMDB no comando da Casa. O império se mantém por décadas: desde a promulgação da Constituição, o PMDB ganhou 14 das 16 eleições ocorridas. Apenas o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) conseguiu interromper por duas gestões a unamidade do PMDB.
Em discurso antes da votação, o novo presidente da Casa disse que o país vive um momento difícil e que cabe ao Senado “acalmar as águas revoltas” da política. Citado nas investigações da Lava-Jato, Eunício disse que ser “moderno” é respeitar o Estado democrático de Direito. Ele defendeu a aprovação da reforma da Previdência e de outras reformas e um novo Pacto Federativo, para ajudar governadores em dificuldades.
? A política com o “P” maiúsculo resgatará a dignidade de pessoas como nós que escolhemos viver nessa arena política. Ser moderno é respeitar o Estado democrático de Direito. O Brasil enfrenta um dos momentos mais difíceis de nossa História ? afirmou.
? Quero ser o presidente de um Senado unido, com a difícil missão de acalmar as águas desse mar revolto que é a política brasileira neste momento. Implementar ações que recoloquem o Brasil nos trilhos do crescimento. Olhamos para a frente e vemos um horizonte turvo, mas nossa bússola é a Constituição. E ela precisa estar sempre em nossas mãos ? disse Eunício.
Eunício disse que vai combater a corrupção e que não adotará uma posição de conflito. O antecessor, Renan Calheiros, assumiu posição de confronto com o Poder Judiciário, por causa das investigações da Lava-Jato.
? Não colocarei a nau do Senado contra as correntes, os ventos ou as marés tempestuosas. Sei que não navegarei sozinho e não deixarei que nosso barco fique à deriva ? encerrou Eunício.
Onze senadores do PMDB que já comandaram o Congresso
Citado na Lava-Jato, o senador Eunício Oliveira disse que um Poder não pode se sobrepor a outro e que vai lutar contra a corrupção.
? É necessário fazer com que o Senado não perca a corrente contemporânea na luta contra a corrupção nesse país. Temos que assegurar o funcionamento pleno do Estado de Direito de cada uma das instituições da República. É essencial ser firme, ser duro e ser líder quando um Poder parece se levantar sobre outro Poder. Precisamos ter um equilíbrio harmônico, com mecanismos de pesos e contrapesos ? disse ele.
ACORDO COM PT
Nos bastidores, foi Renan Calheiros quem conduziu toda a articulação para o fechamento das negociações sobre a formação da Mesa Diretora do Senado. Eunício negociou diretamente com o PT, que fez acordo para garantir participação na Mesa com José Pimentel (PT-CE) na primeira secretaria. Para não irritar ainda mais a esquerda do partido, o PT liberou a bancada de dez senadores na hora da votação para presidente. Na prática, porém, venceu o pragmatismo: ter o cargo na Mesa.
O líder do PT, senador Humberto Costa (PE), os senadores Jorge Viana (PT-AC) e José Pimentel (PT-CE) sempre defenderam a o respeito ao critério da proporcionalidade, ou seja, integrar a Mesa. Eles se reuniram com o próprio Eunício para fechar o entendimento. Até mesmo o senador Roberto Requião (PMDB-PR), que ameava lançar candidatura, desistiu e participou do encontro de Eunício com os petistas e outros integrantes da chamada ala independente do Senado.
? Sempre defendemos a proporcionalidade ? justificou Humberto Costa.
? Foi uma vergonha ? reagiu o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que não concordou com a estratégia do PT e lançou nota, ao lado de Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Fátima Bezerra (PT-RN).
O PSDB acabou com o posto mais importante dentro desse cenário de discussão sobre se presidentes de Senado e Câmara podem permanecer na linha sucessória do presidente Michel Temer. O vice será Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), por ação direta do presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG)
Eunício será o presidente; o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) o primeiro vice-presidente; o senador João Alberto (PMDB-MA) será o segundo vice-presidente; o senador José Pimentel será o primeiro secretário; Gladson Cameli (PP-AC) será o segundo secretário; o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-ES) será o terceiro secretário; e Zezé Perrella (PMDB-MG) será o quarto secretário.
Os quatro suplentes na Mesa são do PSDB, DEM, PSD e PR.