RIO – Sob a ótica das despesas, o grande destaque do resultado do PIB foi a redução no ritmo de queda dos investimentos. No segundo trimestre de 2016, os investimentos caíram 8,8% ante igual período do ano anterior, voltando ao patamar de um dígito, após cinco trimestres de recuos de dois dígitos. No primeiro trimestre, por exemplo, a queda foi de 17,5% na mesma base de comparação. A última vez que os investimentos haviam registrado um dígito de queda havia sido no último trimestre de 2014 (-6,9%). Já a queda nos quatro trimestres encerrados em junho é de 15,1%, ainda com dois dígitos, apesar de não ser a pior taxa da série.
Já a variação positiva de 0,4% registrada no segundo trimestre deste ano no setor de investimentos, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, não é considerada crescimento pelo IBGE (só taxas acima de 0,5% são assim definidas). Mas indica um quadro um pouco melhor para este setor.
Contribuíram para o resultado a melhora nos indicadores de confiança, que traz perspectiva de investimento, a importação de máquinas e equipamentos devido a apreciação cambial, do real, e também pelo setor de construção, que caiu menos no segundo trimestre (saiu de -2,8% para -0,2%), explica Claudia Dionisio, gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE.
A queda da taxa de investimento de 8,8% ante o segundo trimestre de 2015 foi a nona consecutiva. Segundo o instituto, a baixa se deve ao recuo nas importações e na produção interna de bens de capital (máquinas e equipamentos). Também houve influência do desempenho negativo da construção civil.
No setor externo, as importações caíram 10,6% na comparação com o segundo trimestre de 2015. Já as exportações subiram 4,3%. Ambas foram influenciadas pela desvalorização cambial, que foi de 14,3% no período. Dentre as exportações, os destaques foram veículos, agropecuária, papel e celulose e metalurgia
A taxa de investimento no segundo trimestre de 2016 foi de 16,8% do PIB, pouco menor que a registrada no primeiro trimestre do ano (16,9%). É a mais baixa desde o início da série do IBGE, em 1996, renovando o recorde histórico de pior patamar em 21 anos. No segundo trimestre de 2015, a taxa foi 18,4% do PIB.
Sob a ótica da produção, um dos fatores que pesaram para a queda de 3,8% do PIB no segundo trimestre ante igual período de 2015, foi a retração dos impostos sobre produtos. Eles caíram 6,8%.
? A indústria de transformação, que paga muito imposto, e as importações, que também pagam muito imposto, recuaram. Isso levou a uma retração forte dos impostos ? disse Claudia Dionísio.