INDIANÁPOLIS, Indiana – O advogado de uma americana acusada de abuso infantil por bater em seu filho com um cabide diz que a lei estadual de liberdade religiosa dá a ela o direito “disciplinar” seus filhos de acordo com suas crenças evangélicas cristãs.
Par Thaing Kihn, 30, de Indianópolis, no estado americano de Indiana, foi presa em fevereiro pelas acusações criminais de abuso infantil e negligência criminosa após um professor descobrir as marcas deixadas em seu filho, de 7 anos de idade. Thaing é acusada de espancar o menino com um cabide, deixando-o com 36 hematomas e vergões vermelhos.
Seu advogado, Greg Bowes, argumentou em sua defesa perante o tribunal que o Estado não deve interferir com o direito de Thaing de criar os filhos como julgar apropriado. Ele citou a lei estadual Religious Freedom Restoration Act como parte de sua defesa, dizendo que ela lhe dá o direito de disciplinar as crianças segundo suas crenças e usando ainda as escrituras bíblicas para afirmar que um pai que “poupa a vara, estraga a criança”.
Já o promotor adjunto do caso, Matt Savage, respondeu as alegações dizendo que o espancamento foi “além das instruções religiosas” e que o interesse estadual em evitar abuso infantil deve pesar mais que as proteções estaduais de liberdade religiosa.
A nova lei de proteção religiosa de Indiana, aprovada pelo governador republicano Mike Pence (e agora candidato a vice-presidente ao lado de Donald Trump) proíbe que as entidades governamentais persigam desnecessariamente as organizações religiosas. Entretanto, a lei ainda não foi testada nos tribunais.
De acordo com documentos judiciais, Thaing disse que impediu seu filho de continuar com comportamentos perigosos que teriam machucado sua irmã, de 3 anos, e “disciplinou” os dois com o cabide antes de ordenar que os rezassem por perdão.
O serviço de proteção a criança assumiu a custódio dos dois em fevereiro, mês das agressões, mas não está claro onde as crianças estão agora. Nem a defesa nem a promotoria quis se pronunciar sobre a localização delas.
Thaing, que será julgada em meados de outubro, é uma refugiada de Myanmar. Ela citou diferenças culturais entre os EUA e seu país como parte de sua defesa. Elaisa Vahnie, diretora executivo do Burmese American Community Institute, que ajuda os refugiados, disse que o que pode ser visto como o um crime em Indiana pode ser considerado paternidade típica em Myanmar.
“Às vezes você usa uma vara para corrigi-los (em Myanmar). Isso é muito comum lá”, disse ela.