Foz do Iguaçu – Logo no início da manhã de ontem (16), a Diretoria Executiva da Petrobras anunciou a alteração da sua estratégia comercial para definição de preços de diesel e gasolina. A nova política encerra a subordinação dos valores ao PPI (Preço de Paridade de Importação), que vinha sendo praticado desde 2016, governo do ex-presidente Michel Temer.
A estatal informou que a partir de agora, as referências de mercado serão o custo alternativo do cliente como prioridade e o valor marginal para a Petrobras. Segundo a empresa, o custo alternativo do cliente contempla alternativas de suprimento por fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos. Já o custo marginal da Petrobras se baseia no custo das diversas alternativas para a empresa, entre elas a produção, importação e exportação do produto.
Após o anúncio da alteração da política de preços, a Petrobras anunciou a redução em R$ 0,44 por litro do preço médio do diesel para as distribuidoras, que passará de R$ 3,46 para R$ 3,02. Já o preço médio da gasolina será reduzido em R$ 0,40 por litro, passando de R$ 3,18 para R$ 2,78 – valor pago pelas distribuidoras.
Segundo a nota emitida pela empresa, os reajustes continuarão sendo feitos sem uma periodicidade definida e evitará repasses da volatilidade dos preços internacionais e do câmbio aos consumidores brasileiros.
Nos termos de 2016?
A reportagem do jornal O Paraná conversou com o professor e coordenador do grupo de Mobilidade e Matriz Energética da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana), Ricardo Hartmann, de Foz do Iguaçu, que explicou os efeitos da alteração da política de preços para o consumidor. Segundo Hartmann, em que pese a Petrobras ter “abandonado” a PPI, o valor não deverá voltar ao que era em 2016, quando a política de preços internacional foi implantada.
“Para voltar ao que era em 2016 é um pouco mais complicado, porque desde o governo do ex-presidente Michel Temer passando pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, foram feitas várias ações no sentido de modificar estrutura de planejamento energético brasileiro. Em 2021 foi vendido a BR Distribuidora, que era o sistema de postos de combustíveis da bandeira Petrobras e ela foi vendida ao outro grupo de terceiros. E com isso fica muito mais difícil você repassar essas mudanças de preço, diminuição de preço da Petrobras das refinaria até chegar o consumidor. Então, nesse sentido agora está mais difícil e o consumidor tem que estar muito mais atento”, alertou o professor.
Segundo Hartmann, “nesse momento quando houver a diminuição de preços na refinaria, o consumidor tem que cobrar os postos de combustíveis, porque a gente sabe que quando os combustíveis sobem a tendência é que os postos repassem e às vezes de forma errada, imediatamente o aumento de preço. Então agora o consumidor tem que cobrar”. E mais: “Os postos, eles têm que colaborar agora com uma boa saúde do mercado de combustíveis, eles têm que repassar essa diminuição. O segundo ponto é que foram vendidas duas refinarias da Petrobras, uma na Bahia e a refinaria Manaus, que foi privatizada em dezembro de 2022”.
Prates no Senado
Após a Petrobras anunciar a alteração da política de preços, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou o convite ao presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, para explicar a política de preços da estatal.
Foto: Agência Brasil
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Preço na bomba
Segundo o especialista, o consumidor paranaense deverá sentir a diminuição de preços de forma mais rápida que em outros estados. A expectativa é que a gasolina custe na bomba algo em torno de R$ 4,70. “Para nós, no Paraná, que temos ainda a Repar sob domínio da Petrobras, provavelmente vamos sentir mais a diminuição de preços. Claro, vai depender de como os postos vão repassar, então o consumidor tem que cobrar. A princípio está sendo veiculado uma diminuição média de trinta centavos na refinaria. Isso aí pode significar preços para o consumidor aqui do Paraná em torno de R$ 4,70 ou R$ 4,90, dependendo da região.”
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Petrobras está “abrasileirando preço”
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, declararam que a nova estratégia comercial de preços adotada pela petrolífera estatal representa um primeiro passo para o “abrasileiramento” da precificação dos combustíveis produzidos no Brasil. “Era hora de abrasileirar o preço dos combustíveis e sinalizar de forma clara que o governo Lula cumpra com seu papel social”, disse o ministro.
Crítico do PPI, Alexandre Silveira disse que a nova política de preços da Petrobras permitirá à empresa cumprir sua função social, induzindo a competitividade entre as companhias petroleiras, sem deixar de ser “lucrativa e atrativa para os investidores”.