RIO ? Num achado descrito como ?extraordinário?, uma equipe de pesquisadores australianos descobriu o mais antigo fóssil conhecido, datado de 3,7 bilhões de anos atrás. O estromatólito foi encontrado num depósito de rochas sedimentares abaixo da camada de gelo da Groenlândia, e fornece provas sobre a existência da vida nos primórdios da Terra, quando o planeta era muito diferente do que é agora, mais próximo com o que é Marte. Para os cientistas, isso pode alterar o entendimento sobre as condições para sustentação de organismos biológicos.
? A descoberta representa um novo marco para as mais antigas evidências preservadas de vida na Terra. Isso aponta para o rápido surgimento da vida na Terra e apoia a busca por vida em antigas rochas similares em Marte ? disse Martin Van Kranendonk, diretor do Centro de Astrobiologia da Universidade de Wollongong, em Nova Gales do Sul, na Austrália, e coautor do estudo publicado nesta quarta-feira na revista ?Nature?.
O fóssil encontrado supera em 220 milhões de anos os registros de vida mais antigos até então conhecidos. Os pesquisadores descobriram pequenas corcovas, com tamanhos variando entre um e quatro centímetros, expostas recentemente pelo derretimento de uma camada de gelo. Análises confirmaram que as estruturas se tratavam de comunidades de bactérias fossilizadas, não formações naturais.
? Isso indica que a Terra não era mais um inferno há 3,7 bilhões de anos ? disse Allen Nutman, também pesquisador da Universidade de Wollongong, em entrevista à Reuters. ? Era um lugar onde a vida podia florescer.
A Terra foi formada há aproximadamente 4,6 bilhões de anos e os estromatólitos descobertos mostram que a vida evolui rapidamente após um bombardeio de asteroides, que terminou há cerca de 4 bilhões de anos. Na época em que essas bactérias surgiram, o nosso planeta era provavelmente parecido com Marte, com água líquida na superfície, orbitando um Sol que era 30% menos brilhantes que hoje.
? Essa descoberta altera os estudos sobre habitabilidade planetária ? disse Vickie Bennett, professora da Universidade Nacional da Austrália. ? Em vez de especular sobre possíveis ambientes, pela primeira vez nós temos rochas conhecidas que gravaram as condições e ambientes que sustentaram o início da vida.