Opinião

Coluna AMC: Nunca aos domingos

Coluna-AMC
AMC

O filme com o título acima, de 2003, direção de Jules Dassim, teve várias indicações ao Oscar, e sua música faz sucesso até hoje. Mas o assunto hoje é sobre um projeto de lei que foi apresentado na Câmara dos Vereadores de Cascavel em 1993, de minha autoria e da vereadora Olga Bongiovanni. A nossa intenção era proporcionar um ganho a mais para os pequenos comerciantes e aqueles que tinham comércio familiar. Mas, nem sempre as nossas histórias são bem interpretadas ou entendidas.

Um sindicalista que liderava o Sindicato dos Trabalhadores do comércio, iniciou uma campanha contra o projeto, não foi nos procurar, mas espalhou panfletos nas lojas e participava de visitas em todas as lojas do centro e usava argumentos tais como: “Está vindo o horário livre para o comércio de Cascavel!”; “O projeto tira o sagrado direito ao descanso e ao convívio com seus familiares”; “As missas e atos religiosos serão esvaziadas e o sagrado direito de venerar os mortos aos domingos? ” Alegava que só as grandes empresas iriam ter lucro com horários estendidos.

Naquele ano ainda, não tínhamos os supermercados funcionando aos domingos em Cascavel, nem shopping centers. Aos domingos tínhamos a feira livre do produtor e os assadores de carne que traziam um gostoso cheiro de churrasco à várias ruas de Cascavel.

A guerra era tamanha que o senhor Donato Ramos, fez questão de pedir aos colegas vereadores para votar contra. Depois mudou-se para o litoral, tornou-se poeta e alguns anos atrás veio a falecer.

Certa vez fui às Lojas Mânica fazer uma compra e um dos funcionários dirigiu-se a mim com uma expressão revoltada: “O senhor é o vereador que quer que a gente trabalhe aos domingos?”.  Foi difícil explicar qual era a linha mestra do projeto. As vendedoras não queriam me escutar pois achavam que eu estava mentindo, o Donato já havia doutrinado elas, que não queriam ouvir mais argumentos. Saí da loja decepcionado pois duvidava que o Donato fazia campanha por desconhecimento de causa.

O projeto foi rejeitado. Alguns anos depois surgiram os shopping centers com funcionamento sábado à noite e aos domingos. Os supermercados vieram a seguir e ninguém conseguiu mudar o ritmo da história. É o progresso e a nova forma de trabalho com descanso em dias de semana e reuniões de família mesmo fora dos domingos.

A seguir as curiosidades: O dono do título do primeiro supermercado é o King Kullen, inaugurado em 1930 pelo empresário americano Michael Cullen. A estratégia do pioneiro era simples: ele comprou um galpão industrial, adaptou o lugar para vender comida e deixou que as pessoas se servissem sozinhas.

O primeiro Shopping Center como conhecemos hoje, surgiu em 1828 nos Estados Unidos no estado de Rhode Island. Em Milão, em 1861 foi inaugurada a “Galleria Vittorio Emanuelle II”, cujo nome homenageou o então Rei da Itália.

Dr. José de Jesus Lopes Viegas – Médico/CRM – PR 5279

*Nota do Editor: A história resgatada pelo médico e ex-vereador “Dr. Jesus”, na coluna da AMC desta semana, deve ser recobrada também pelo vices do “bem-estar”. Emprego e renda são componente essenciais, para o equilíbrio e “saúde” familiar. Jesus e Olga foram visionários e, sem dúvida, o descanso e o convívio familiar jamais devem ser negligenciados. Trabalho, renda e saúde formam um tripé basilar na vida de toda sociedade.