RIO ? A poluição do ar é apontada como vilã para doenças doenças cardíacas e respiratórias, mas seus efeitos sobre o organismo humano podem ser ainda mais profundos, incluindo o desenvolvimento do Alzheimer. Pela primeira vez, pesquisadores encontraram pequenas partículas metálicas, oriundas de poluentes, no cérebro humano.
? Nossos resultados indicam que nanopartículas de magnetita na atmosfera podem entrar no cérebro humano, onde elas podem apresentar riscos para a saúde humana, incluindo condições como a doença de Alzheimer ? afirmou a professora Barbara Maher, da Universidade Lancaster, no Reino Unido, e coautora de estudo publicado nesta segunda-feira na ?Proceedings of the National Academy of Sciences?.
Os pesquisadores analisaram tecidos de 37 indivíduos, entre 3 e 92 anos, que viveram em Manchester, na Inglaterra, ou na Cidade do México, capital mexicana conhecida pelos altos níveis de poluição atmosférica. De acordo com Barbara, as nanopartículas de magnetita são tóxicas e implicadas na produção de radicais livres no cérebro, o que está associado ao surgimento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
As nanopartículas foram identificadas por meio de análise espectroscópica. Diferente de partículas angulares, que poderiam ser formadas naturalmente, a maior parte delas era esférica, com diâmetro de até 150 nanômetros e superfícies fundidas, características de formação em altas temperaturas, como na combustão de motores e queimadas.
As nanopartículas esféricas de magnetita normalmente eram acompanhadas por outros metais, como platina, níquel e cobalto.
? As partículas que encontramos são muito semelhantes àquelas abundantes na poluição atmosférica de espaços urbanos, especialmente perto de ruas movimentadas, formada pela combustão ou aquecimento por fricção de motores e freios de veículos ? disse Barbara.
Relatório divulgado em maio deste ano pela Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 80% da poluição urbana global está exposta a poluentes em quantidade superior ao recomendado. E partículas menores que 200 nanômetros são pequenas o suficiente para entrar no cérebro diretamente pelo nervo olfatório, que capta o ar respirado.
? Esta descoberta abre caminho para um novo ramo de pesquisas sobre a possibilidade de fatores de riscos ambientais para diferentes doenças no cérebro ? disse David Allsop, pesquisador sobre Alzheimer da Universidade Lancaster e coautor da pequisa.