Links VenezaVENEZA ? Com ?Jackie?, drama de inspiração biográfica que fez sua estreia mundial nesta quarta-feira na competição do 73º Festival de Veneza, Pablo Larraín estende sua galeria de personagens atormentados para além das fronteiras da história política de seu país, o Chile. O novo filme do diretor de ?Tony Manero? (2008), ?No? (2012) e ?O clube? (2015), é um complexo retrato de Jacqueline Lee Bouvier Kennedy, a mais icônica das primeiras-damas americanas, nos dias que se seguiram ao assassinato do presidente John Kennedy, em 1963. Protagonizado por Natalie Portman, o filme descreve o estado de espírito de uma mulher devastada pelo luto, mas ainda capaz de administrar suas imagens pública e privada.
Recebido com entusiasmo, Jackie é o primeiro grande personagem de Natalie desde ?Cisne Negro? (2010), thriller psicológico de Darren Aronofsky que deu um Oscar à atriz. Produzida por Aronofsky e roteirizada por Noah Oppenheim (?Maze runner ? Correr ou morrer?), a trama se apoia em duas narrativas: o especial da rede CBS ?A tour of the White House with Mrs. John F. Kennedy?, exibido em 1961, no qual a então primeira-dama promove uma excursão pela Casa Branca recém-decorada por ela; e uma entrevista de Jackie à revista ?Life? uma semana após o assassinato do marido.
? Acho que este é o papel mais perigoso que já fiz, porque eu sabia como ela era, falava e andava. E eu jamais havia interpretado alguém assim ? conta a atriz de 35 anos, que reproduz em cena os gestos, o sotaque e a voz da primeira-dama, morta em 1994, aos 64 anos, já viúva do milionário grego Aristóteles Onassis. ? Ao ver filmes e ouvir fitas com Jackie, percebemos que sua voz e sua figura mudavam de acordo com o ambiente.
Ainda sem data de lançamento no Brasil, ?Jackie? combina imagens e sons de arquivo com cenas e diálogos em locações e em estúdio, recurso usado por Larraín em ?No?, sobre os bastidores do plebiscito de 1988 que tirou o ditador Augusto Pinochet da presidência do Chile. O diretor, no entanto, minimizou a necessidade do elenco de imitar, nos mínimos detalhes, a aparência e os gestos de quem interpretam, já que o filme é uma ficção.
? Não acho que seja uma questão de como os atores se parecem com os personagens ou não ? explica Larraín, de 40 anos. ? Quando alguém tão conhecido quanto Natalie interpreta alguém tão famoso quanto Jackie, o problema é o tempo que leva para o público a aceitar como Jackie. É claro que precisamos de maquiagem, penteado e figurino, temos que criar uma ilusão, tanto os realizadores quanto os atores. Acredito que o cinema está mais ligado aos antigos mágicos ilusionistas do que qualquer outra coisa.
NOVO MALICK
Na corrida pelo Leão de Ouro deste ano, que se encerra neste sábado, também foi exibido ?Voyage of time: Life?s journey?, do recluso diretor americano Terrence Malick. Com narração da atriz Cate Blanchett, o filme é uma espécie de documentário filosófico sobre a origem da vida na Terra, que usa imagens de diferentes fontes, como o telescópio espacial Hubble, para recriar a origem do mundo ? uma versão menor, de 45 minutos, com narração de Brad Pitt, será lançada em IMAX. O diretor, que não aparece em público desde os anos 1980, foi representado em Veneza pelos produtores Grant Hill e Sophokles Tasioulis. VOYAGE OF TIME Official Trailer (2016) HD Sci-Fi Movie