SÃO PAULO ? O ano de 2020 será marcado pela descoberta da cura da Aids, aposta a maior agência sem fins lucrativos do mundo para pesquisa sobre HIV, a Fundação amfAR. Em uma conferência sobre o tema realizada nesta quarta-feira na Escola de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), representantes da instituição americana destacaram que pouco mais de uma década atrá a comunidade científica não levava a sério a possibilidade de uma cura, mas o cenário mudou radicalmente nos últimos três anos.
A vice-presidente e diretora de pesquisa da amfAR, Rowena Johnston, ressaltou que são realizados atualmente, em vários lugares do mundo, tantos estudos com o objetivo de encontrar um tratamento curativo para HIV/Aids, que é certo que essa meta será alcançada.
? Não podemos apontar qual será o projeto realizado hoje que levará à cura, mas podemos ter certeza de que ela virá. Temos estudos promissores, não só como macacos, mas também com humanos ? afirmou ela.
A iniciativa de “Contagem regressiva para a cura da Aids” foi lançada pela amfAR em 2015, com investimento de US$ 100 milhões. A fundação patrocina pesquisas com esse objetivo desde 2002, tornando-se, assim, a primeira instituição do mundo a se dedicar à busca da cura.
? Diziam, lá em 2002, que estávamos desperdiçando dinheiro e tempo, que uma cura para a Aids nunca seria possível. Mas hoje estudos do mundo inteiro estão nesse caminho, seja trabalhando com anticorpos, seja com terapias genéticas ou células-tronco ? disse Rowena.
Existem 44 milhões de pessoas infectadas com HIV hoje no mundo. Até hoje, apenas uma cura foi validada: a de Timothy Ray Brown, conhecido como o “paciente de Berlim”. Ele foi infectado em 1995 e, em 2006, descobriu estar com leucemia. Depois disso, recebeu um transplante de medula óssea de um doador com mutação no gene CCR5, e, desde então não tem mais o vírus HIV no corpo. A vice-presidente da amfAR destacou que o caso de Brown foi um grande “despertador” para a comunidade científica.
No Brasil, há 842 mil pessoas notificadas com HIV, segundo o Ministério da Saúde. Estima-se que, no entanto, que o número real chegue a mais de 1,2 milhão, já que uma parcela significativa dos infectados não sabem da própria condição porque nunca fizeram o teste.
Participaram da conferência, além de Rowena, o professor do Departamento de Medicina da Universidade de Miami Mario Stevenson; o professor de Imunologia da USP Ésper Kallás; o mestre em Saúde Coletiva Daniel Barros e o membro do Grupo Pela Vidda-RJ Marcio Villard.