Curitiba – O relatório final do VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária) de 2020, divulgado ontem (22) pela Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná), mostra que a produção no campo paranaense foi de R$ 128,273 bilhões, estabelecendo mais um recorde, com crescimento real de 21% em relação a 2019. Além disso, 14 municípios alcançaram valores superiores a R$ 1 bilhão, realçando a força das atividades agropecuárias. No VBP anterior, nove municípios haviam ultrapassado esse volume, cinco a mais do que em 2018.
Os novos municípios bilionários são Tibagi (R$ 1,26 bilhão), Carambeí (R$ 1,17 bilhão), São Miguel do Iguaçu (R$ 1,16 bilhão), Nova Aurora (R$ 1,08 bilhão) e Piraí do Sul (R$ 1,02 bilhão). Eles se juntam a Toledo (R$ 3,48 bilhões), Cascavel (R$ 2,27 bilhões), Castro (R$ 2,26 bilhões), Guarapuava (R$ 1,60 bilhão), Marechal Cândido Rondon (R$ 1,47 bilhão), Santa Helena (R$ 1,35 bilhão), Assis Chateaubriand (R$ 1,34 bilhão), Dois Vizinhos (R$ 1,34 bilhão) e Palotina (R$ 1,32 bilhão).
O crescimento mais expressivo tanto em variação nominal (57%) quanto real (46%) foi observado em São Miguel do Iguaçu, que saiu de R$ 741,7 milhões em 2019 e atingiu R$ 1,16 bilhão em 2020. Piraí do Sul também se destacou com crescimento nominal de 47% e real de 36%, assim como Carambeí, que fica na mesma região dos Campos Gerais, com variação nominal de 46% e real de 36%.
Pesquisa ampla
O levantamento do VBP paranaense é um dos mais completos do País, com pesquisas semanais de preços e condições de lavoura de cerca de 350 culturas, entre elas produtos da agricultura, pecuária, piscicultura, silvicultura, extrativismo vegetal, olericultura, fruticultura, plantas aromáticas e ornamentais. Como comparativo, o VBP nacional tem como base dados da produção e preço médio de comercialização de 26 culturas, levantados pela Conab (Companhia Brasileira de Abastecimento).
“O VBP tem uma função muito importante tanto como panorama global das atividades agropecuárias no Estado e do faturamento bruto da comercialização da safra quanto para o fortalecimento dos municípios”, enfatizou o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. O índice é utilizado para compor o FPM (Fundo de Participação dos Municípios), representando 8% da cota-parte do ICMS destinada a eles.
“No ano passado e ainda agora convivemos com condições climáticas não tão favoráveis, que se aliam às restrições provocadas pela pandemia, mas, mesmo assim, temos uma prova de que os agricultores e pecuaristas paranaenses não pararam e, mais uma vez, a produção, de forma geral, foi bastante razoável”, reforçou Ortigara. “De outro lado, os preços tiveram evolução expressiva, proporcionando renda para os produtores e enriquecimento para os municípios”.
Para o chefe do Deral (Departamento de Economia Rural), da Seab, Salatiel Turra, o VBP mostra todas as potencialidades do agronegócio paranaense. “É possível perceber, dada a evolução dos últimos anos, que a produção e a produtividade estão aumentando graças aos pacotes tecnológicos, à assistência técnica cada vez mais especializada e à atenção para com a atividade por parte do produtor rural”, afirmou.
Pecuária e Agricultura
Pelo segundo ano consecutivo, a receita bruta estimada da pecuária é destaque no VBP paranaense. O montante de R$ 63,65 bilhões representa aumento nominal de 31% e real de 21% em relação ao valor anterior. Com esse volume, o segmento representa 50% do Valor Bruto da Produção Agropecuária paranaense. Em Dois Vizinhos, por exemplo, a pecuária é responsável por 87% de todo o VBP municipal. Em Santa Helena, o percentual chegou a 84,7%, enquanto em Toledo representa 80,8%.
Ainda que se mantenha atrás da pecuária em valor, com participação de 40% no total do VBP, o grupo dos grãos e grandes culturas foi o que apresentou maior evolução em relação a 2019, com aumento nominal de 41% e real de 31%. O ano de 2020 rendeu aos produtores de grãos paranaenses R$ 54,33 bilhões. O destaque é para a produção recorde de 20,9 milhões de toneladas de soja e para os bons preços conseguidos pelos produtores.
Isso compensou as perdas da cultura do milho, provocadas pela estiagem. Mas, mesmo com redução em 6% na produção, o preço teve valorização e repercutiu favoravelmente no Valor Bruto da Produção Agropecuária. Em termos de preço, o trigo foi o que mais remunerou os produtores.
CNA estima VBP de R$ 1,23 tri
De acordo com estimativa da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), o VBP agropecuário deve alcançar R$ 1,23 trilhão em 2021. A projeção divulgada neste mês de setembro foi feita com dados até agosto para as estimativas agrícolas e pecuárias, e também para os preços. Em valores reais, deflacionados a partir do IGP-DI de agosto, o VBP de 2021 deverá crescer 10,3% em relação à 2020 (R$ 1,11 trilhão). O milho e a soja são os maiores responsáveis pelos bons resultados nesta safra. A cana-de-açúcar é responsável por 10% do resultado da agricultura. Embora os preços domésticos tenham permanecido em patamares elevados, a produção recuou nesse ano. A região sudeste, principal produtora no país, sofreu com estiagens próximas à colheita, dificultando o desenvolvimento das lavouras, levando os produtores a entregarem menores quantidades de cana para a moagem. Segundo o IBGE, a produção de cana-de-açúcar em 2021 foi de 653,1 milhões de toneladas, volume 3,7% menor do que o produzido na safra anterior.