Economia

Dólar recua, mas Bolsa é pressionada e cai

Dólar recua, mas Bolsa é pressionada e cai

São Paulo – O ambiente interno afetou o desempenho do mercado local, apesar do bom humor visto no exterior nessa segunda-feira (30). A notícia de que governo, Legislativo e Judiciário tentam juntos achar uma solução para a dívida dos precatórios agradou os investidores, com o dólar fechando em queda de 0,12%, cotado a R$ 5,1893. No entanto, o cenário político tenso, com organizações pedindo harmonia entre os Poderes, pesou na Bolsa brasileira (B3), que cedeu 0,78%, aos 119.739,96 pontos.

Depois da queda de 3,52% na semana passada, o dólar até ensaiou um movimento de alta nas primeiras horas de negócios espelhando cautela com os problemas locais, mas perdeu fôlego ainda pela manhã. Na mínima, a moeda bateu em R$ 5,1826 – na máxima, foi a $ 5,2266. No acumulado de agosto, a moeda americana acumula desvalorização de 0,40%. O dólar para setembro caiu 0,34%, a R$ 5,1855.

Lá fora, o DXY – que mede o desempenho da moeda americana em relação a seis divisas fortes – operou entre estabilidade e ligeira queda ao longo da tarde, na casa de 92,600 pontos. O dólar perdia mais de 0,30% em relação ao peso mexicano e ao rand sul-africano, considerados pares do real.

Ainda ecoa no mercado o tom ameno do discurso de sexta-feira do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Embora tenha sinalizado o início da redução do volume mensal de bônus neste ano, chamado de “tapering”, Powell afirmou não há ligação direta entre o processo e alta dos juros.

Não por acaso, operadores atribuíram parte da alta da moeda americana no início do dia às tensões fiscais e política, na esteira do anúncio de que Banco do Brasil e Caixa estavam deixando a Febraban, por discordarem de teor de comunicado assinado pela entidade que supostamente traria críticas ao governo Jair Bolsonaro. Também se comentava sobre a apreensão com uma escalada retórica do presidente na semana que antecede os protestos de 7 de setembro.

No cenário fiscal, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), haviam dado declarações a favor de uma solução negociada com o Judiciário para os precatórios (no lugar da PEC enviada pelo Executivo) e reforçado o compromisso com o teto de gastos. Pacheco e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) devem se reunir amanhã com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, para discutir o tema.