O Governo do Estado estuda aperfeiçoar as diretrizes das políticas públicas para atender o cooperativismo da agricultura familiar. O assunto foi debatido em um webinar nesta quinta-feira (12), que reuniu órgãos regionais, nacionais e internacionais para divulgação de uma pesquisa desenvolvida com base em dados das cooperativas e associações no âmbito do Programa Coopera Paraná, da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento.
Segundo o diagnóstico do estudo “Cooperativismo da Agricultura Familiar no Paraná – Relevância, Potencialidades e Gargalos”, há uma grande abrangência das cooperativas da agricultura familiar no Estado, presentes em 366 municípios, mas com desafios de estrutura, comercialização e quadro pessoal, por exemplo.
Foram criadas tipificações conforme a estrutura das entidades, para colaborar no desenvolvimento de ações específicas que promovam fortalecimento, independência de mercados institucionais e diversificação.
Durante o evento, os participantes reforçaram a necessidade de considerar especificidades territoriais na aplicação de políticas públicas e, para além do apoio financeiro, estimular a gestão estratégica e capacitação dos agricultores – trabalho já iniciado pelo programa Coopera Paraná. Além disso, destacou-se o papel da assistência técnica e a necessidade de promover ainda mais a participação de mulheres e jovens no campo.
O diretor-técnico da Secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento, Rubens Niederheitmann, afirmou que o Estado é parceiro no trabalho permanente de fortalecer a inclusão social e produtiva da agricultura familiar. “Os resultados virão da força dos produtores, que podem contar com nosso apoio por meio do Sistema Estadual de Agricultura. Temos tido excelentes experiências e avanços”, disse.
O diretor-presidente do IDR-Paraná, Natalino Avance de Souza, destacou que o cooperativismo da agricultura familiar é fundamental para a redução de desigualdades econômicas e sociais.
Os desafios impostos à agricultura familiar durante a pandemia também pautaram as discussões. Para o presidente da Unicafes (União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária), Vanderley Ziger, é necessário refletir sobre o papel do cooperativismo para a distribuição da riqueza. “É preciso que haja investimento forte no nosso capital social. Investimento nos processos de profissionalização e melhoria da gestão”, disse.
COOPERATIVISMO NO PARANÁ – No Paraná ainda há um déficit de filiação de produtores às 171 entidades da agricultura familiar, que é um dos gargalos que o Coopera Paraná procura resolver. “Buscamos desenvolver um trabalho de educação cooperativista para promover inclusão social e acesso ao mercado”, disse o coordenador do programa, Jefferson Meister.
Aproximadamente 35 mil agricultores paranaenses atuam com a agricultura familiar. O programa tem como meta atender esse público viabilizando assistência técnica, formação e capacitação, acesso ao mercado (institucional e privado) e fomento. O papel da assistência técnica no desenvolvimento das cooperativas foi destacado pelo coordenador do Programa de Organização Rural e Mercado do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná), Sérgio Auffinger.
Referência nacional em cooperativismo, o Paraná tem uma grande responsabilidade, disse o assessor institucional da Unicafes Paraná, Alcidir Mazutti Zanco. “Devemos criar um mecanismo que favoreça a autonomia organizacional, para que a política pública seja capaz de alavancar e garantir acesso a outras fontes de mercado, crédito e ações estruturantes”, afirmou.
O representante da Central da Reforma Agrária do Paraná, Jean Carlo Pereira, falou sobre a importância das ações sociais desenvolvidas pelas entidades da agricultura familiar, como a doação de alimentos, e das estratégias em prol da soberania alimentar.
AMÉRICA LATINA – A pesquisa da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) também foi contextualizada dentro do cenário latino-americano. Das 104 mil cooperativas na América Latina, aproximadamente um terço atua com a agricultura familiar, segundo o coordenador da área da Agricultura Familiar da FAO Chile, Raul Contreras.
De acordo com o representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala, o trabalho da organização busca fortalecer políticas públicas de desenvolvimento rural e da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, principalmente na melhoria dos sistema agroalimentares, alimentação saudável e gestão dos recursos naturais.
WEBINAR – O webinar foi organizado pelo Escritório Sul da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), Cooperativa Central da Reforma Agrária do Paraná (CCA), Seab e IDR-Paraná.