Curitiba – Em 2020, a taxa de empreendedorismo total no Brasil atingiu o menor patamar dos últimos oito anos e caiu para 31,6%, o que representa uma redução de 18,33% quando comparada com a taxa de 2019, que foi de 38,7%. As informações constam no relatório da GEM (Global Entrepreneurship Monitor) 2020, realizada no Brasil pelo Sebrae em parceria com o IBPQ (Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade). Com esse resultado, o Brasil caiu do quarto lugar em taxa total de empreendedorismo no mundo para o sétimo lugar.
A taxa de empreendedorismo total é a proporção da população adulta que está ocupada como empreendedor inicial, aqueles com até 3,5 anos de operação, e/ou dos empreendedores estabelecidos, com mais de 3,5 anos de operação. Apesar da taxa de empreendedorismo inicial ter apresentado um ligeiro aumento, passando de 23,3% para 23,4%, e atingido a maior taxa histórica da série, que é feita desde 2002, a forte redução na quantidade de empreendedores estabelecidos derrubou a taxa total, ao passar de 16,2% para 8,7%, uma redução de quase 50%. O número de empreendedores estabelecidos ficou abaixo do registrado em 2004.
“A taxa total de empreendedorismo no Brasil sofreu uma redução nunca vista antes. A pandemia do coronavírus veio e derrubou o mercado todo, em especial os mais antigos. Por outro lado, por causa do desemprego, entrou muita gente nova e inexperiente que tenta sobreviver, por meio de um pequeno negócio. O mundo inteiro sentiu esse impacto, mas, no Brasil, os efeitos sobre o empreendedorismo foram mais fortes ainda”, afirma o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
Segundo ele, a elevada redução na taxa de empreendedores estabelecidos revela uma piora da qualidade do empreendedorismo no Brasil. “Entrou muita gente inexperiente e empreendedores preparados se viram obrigados a abandonar os empreendimentos que possuíam, o que representa uma forte mudança qualitativa”, pontuou Melles.
Necessidade
O leve crescimento na porcentagem da taxa dos empreendedores iniciais tem entre suas causas o aumento do desemprego no País motivado pela pandemia do coronavírus. Essa expansão levou o índice ao maior nível da série histórica, que é monitorada pelo Sebrae há quase 20 anos. Esse índice é composto por empreendedores novos, que têm mais de três meses e até 3,5 anos de operação, e pelos nascentes, que representam o grupo de pessoas que nos últimos 12 meses realizaram alguma ação visando ter um negócio próprio ou têm uma empresa com no máximo três meses de operação. O nível recorde de empreendedores iniciais foi puxado pelo grande contingente de empreendedores nascentes, aqueles que acabaram de entrar ou ainda estão tentando montar um negócio, como alternativa de sobrevivência.
De acordo com o relatório da GEM 2020, o número de empreendedores iniciais motivados por necessidade saltou de 37,5% para 50,4%, o mesmo nível de 18 anos atrás. Além disso, 82% dos entrevistados alegaram que a motivação para começar um negócio foi a solução encontrada para ganhar a vida porque os empregos são escassos.
A pesquisa também detectou que o contingente de pessoas que estão entrando agora no mercado como empreendedores, os empreendedores nascentes, cresceu 25% e atingiu o maior patamar da série histórica, com uma taxa que representa 10,2% da população adulta. “Podemos chamar muitos desses empreendedores de filhos da pandemia e que foram para o caminho do empreendedorismo por uma extrema necessidade de obter renda”, ressalta o presidente do Sebrae.