Cascavel – Mesmo com as dificuldades geradas pelas crises sanitária e econômica, o sonho de comprar o carro novo segue vivo. Mas, para isso, não basta ter dinheiro, é preciso paciência. A espera por alguns modelos zero pode chegar a 180 dias.
Adriana Reis, gerente de novos de uma loja em Cascavel, as fábricas estão encontrando dificuldades na produção e não conseguem atender à demanda. Gerente de outra concessionária, Luiz Ghiggi Neto explica que a entrega de veículos novos ocorre em uma velocidade menor. “A loja está recebendo alguns modelos, contudo, não de todas as linhas, e algumas versões estão em falta”.
Segundo Neto, em função da crise, o mercado de novos caiu um pouco, contudo, mantém as vendas e já existe uma expectativa de melhora.
De acordo com Alexandre Serra, diretor do Grupo Open em Cascavel, neste primeiro semestre de 2021, algumas versões estão disponíveis para pronta-entrega, contudo, outras podem levar de 60 a 90 dias para serem entregues.
E quando há falta sobe o preço, certo? Certo! Os preços tiveram um significativo aumento desde o fim do ano passado, em média, de 18%.
De acordo com Serra, a alta é atribuída à alta do dólar e ao aumento de peças e matéria-prima, como aço, além do valor do transporte terrestre, aéreo e marítimo.
Serra explica que, como os seminovos são “batizados” conforme o preço dos novos, a tendência é de que também ocorra elevação no valor dos carros usados. Inclusiva, a procura por usados já disparou, reduzindo estoques dos seminovos.
Recuperação
Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), 2020 foi um dos piores anos para o setor automotivo desde 2010. Ano passado, foram emplacados 2.058.000 veículos, segundo pior ano desse período, atrás apenas de 2016, quando foram emplacados 2.050.000 veículos.
No Paraná, segundo dados do Detran, foram emplacados 319.312 veículos ano passado, dos quais 80.479 no primeiro trimestre. Já no primeiro trimestre deste ano, 81.825 veículos foram emplacados, aumento de 1,67%.
Crise na indústria
A falta de matéria-prima continua afetando as montadoras, afirma o presidente da Anfávea, Luis Carlos Moraes. Chevrolet, Volkswagen, Nissan, Toyota, Renault e Honda, além das fabricas de caminhões e ônibus Mercedes-Bens, Volkswagen, Scania e Volvo, já fecharam temporariamente neste ano por conta disso.
“Nossa cadeia produtiva é longa e tem muitos agentes. Ainda faltam insumos, como aço, embalagens, entre outras peças. Tivemos que nos esforçar para manter contato e ir lidando com diversas engrenagens ao mesmo tempo”, explica.
“Para piorar, no fim de março aconteceu um incêndio em uma fábrica japonesa de semicondutores. A fábrica é responsável por 30% da produção global de semicondutores. A situação é preocupante”, acrescenta.
Segundo ele, a retomada da dinâmica logística deve demorar alguns meses.
De acordo com a CNI (Confederação Nacional da Indústria), mais de 70% das indústrias enfrentam dificuldades em obter insumos. Pesquisa mostra que não houve melhora em relação ao registrado em novembro do ano passado. A maior parte das empresas aguarda normalização apenas no segundo semestre de 2021.