Brasília – A elevação da nota de risco do Brasil é uma questão de tempo, disse, ontem à tarde, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Em entrevista coletiva para comentar o rebaixamento da classificação da dívida pública brasileira pela agência S&P (Standard & Poor’s), Meirelles manifestou confiança na aprovação da reforma da Previdência e das medidas de ajuste fiscal nos próximos meses.
“O Congresso tem mostrado que tem aprovado as reformas fundamentais no País. Aprovou o teto de gastos, a reforma trabalhista, a Lei das Estatais e a TLP [Taxa de Longo Prazo]. Outras medidas, como o cadastro positivo e a duplicata eletrônica, estão em aprovação. Existe um histórico de aprovação. Essas reformas vão continuar ocorrendo, e a perspectiva de aumento do rating é questão de tempo. Isso foi levado em conta na melhora da perspectiva [da nota do Brasil pela S&P] de negativa para estável”, destacou o ministro.
Meirelles comentou que, no dia seguinte à redução da nota do Brasil para três níveis abaixo do grau de investimento, o mercado financeiro teve uma “reação calma”. Segundo o ministro, isso ocorre porque o País continua crescendo com baixa inflação e porque o rebaixamento já estava “precificado”, incorporado aos indicadores financeiros.
“Um ponto importante, que parece ser digno de ênfase neste momento, é a reação da economia no curto prazo, dos indicadores de mercado que reagem na mudança do rating no Brasil. Hoje [ontem], o dólar caiu um pouquinho, os juros de longo prazo caíram um pouquinho, e a bolsa continua estável”, acrescentou.
De acordo com Meirelles, a economia brasileira está num momento positivo, com previsão de crescer até 3% este ano e criar 2 milhões de empregos, depois de incorporar pelo menos 1 milhão de pessoas ao mercado de trabalho em 2017. Para ele, as previsões da S&P são conservadoras, comportamento que considerou normal nas agências de classificação de risco.
O rebaixamento
A agência de classificação de risco S&P rebaixou o Brasil para três níveis abaixo do grau de investimento com perspectiva estável. Isso significa que a agência terá de esperar pelo menos seis meses para alterar a nota do País. O grau de investimento representa a garantia de que o país não corre risco de dar calote na dívida pública.
Em comunicado na noite de quinta-feira (11), a S&P informou que o Brasil está demorando para implementar as reformas que reduzam os riscos fiscais do País, principalmente a da Previdência.
Desde fevereiro de 2016, o Brasil estava enquadrado dois níveis abaixo do grau de investimento. As outras duas principais agências de classificação de risco, Fitch e Moody’s ainda não alteraram a nota do país e continuam a manter o Brasil dois níveis abaixo do grau de investimento.