Cotidiano

Conta de luz dispara e gera reclamação dos consumidores

Conta de luz dispara e gera reclamação dos consumidores

Cascavel – O início do ano veio com uma surpresa desagradável. Muitos consumidores foram surpreendidos com o valor da conta de luz. Na casa da administradora de empresas Camila Buff, o gasto com energia elétrica assustou, já que o casal passou grande parte do mês fora, mas a conta veio 60% maior. “Mesmo usando o ar-condicionado desde o fim do inverno, pagávamos no máximo R$ 320 por mês. Este mês, a conta pulou para R$ 512,80. Do dia 27 de novembro ao dia 8 de dezembro, meu marido e eu viajamos, não recebemos visitas nem tivemos consumo extra de energia, ou seja, não tinha como resultar em todo esse valor. Procurei a Copel, verificamos a fatura… Na nossa unidade consumidora, consta que já usei 200 kwh em oito dias”, relata a consumidora.

A saída agora será ampliar a investigação. “O que pode estar acontecendo é a chamada fuga de energia e isso pode ter sido causado por alguma reforma ou mudança na parte elétrica. Vamos investigar, mesmo assim, solicitamos que a empresa verifique o nosso caso”, adianta.

Uma das explicações ao susto de Camila é que, em dezembro do ano passado, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) reativou o sistema de bandeira tarifária e definiu a bandeira vermelha patamar 2, a mais alta no País. Só isso já aumentaria em R$ 6 a cada 100 quilowatts/hora de energia consumidos.

A aposentada Maria Helena Diniz mora com o marido e o filho em um apartamento no Centro de Cascavel. De novembro até o começo deste ano, ela ficou sozinha em casa, mas a conta de luz ficou um terço mais cara. “Justamente no mês que tinha menos gente em casa, porque meu marido e meu filho viajaram, a minha conta veio com o valor bem mais alto. A fatura variava de R$ 230 e R$ 250, e agora estou com uma fatura de mais de R$ 360 para pagar”, reclama.

As queixas são gerais, inclusive nas redes sociais: “Não temos ar-condicionado, nossos chuveiros são 220v e dificilmente passamos roupa. A nossa conta passou de R$ 110 para R$ 151. É pouco se você pensar em valor monetário (R$ 41), mas é muito se considerar a proporção (37%)”, diz outra consumidora.

Pensando em economizar, muitos já pretendem partir para alternativas, como energia solar. “Minha conta aumentou de R$ 600 para R$ 950. Felizmente, estou com sistema fotovoltaico instalado e só aguardando para ativar”, disse um dos consumidores consultados.

 

A culpa é do aumento de consumo?

A reportagem enviou os relatos para a Copel e questionou sobre o reajuste das faturas de dezembro. A empresa informou que cada caso deve ser analisado individualmente e por isso orienta que o consumidor fique atento ao histórico de consumo e pagamento que consta na fatura mensal para fazer o comparativo. Em caso de questionamento ou dúvidas, pode procurar a empresa, portando o número da unidade consumidora que deseja consultar.

A empresa informou ainda que o último reajuste de tarifa aconteceu em junho de 2020 e que, desde então, o valor do kWh não teve mudança e que as variações e os aumentos dependem do consumo de cada um. Contudo, nem todos conseguem concordar com as possibilidades apresentadas pela estatal para justificar o aumento. É o caso da professora de ensino fundamental Michele Silva Rezende, que mora com os dois filhos. O valor que terá de pagar agora é de R$ 195, quase o dobro do último mês. “Fui à Copel e questionei. A primeira orientação é verificar os equipamentos e o tempo de uso. Durante todo o ano as crianças ficaram em casa por causa da pandemia, então não tem motivo para essa diferença em dezembro. O ventilador passou mais tempo ligado por causa do calor, mas isso, na minha opinião, não faria com que o valor aumentasse tanto”, avalia.

 

Bandeira tarifária para janeiro é a amarela

O consumidor deve ter um alívio nas próximas faturas, pelo menos no que depender da bandeira tarifária. Este mês, segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), volta a vigorar em todo o Brasil a bandeira amarela, com custo de R$ 1,34 para cada 100 quilowatts-hora consumidos. Para se ter uma ideia, a bandeira vermelha patamar 2, a mais alta no País, é de R$ 6 a cada 100

A Agência informou ter identificado melhoria no cenário de produção hidrelétrica com elevação das vazões dos afluentes dos principais reservatórios. O sistema de bandeiras é utilizado para gerir o valor cobrado aos consumidores a partir das condições de geração de energia. Quando o quadro piora, geralmente causado por crises hídricas, a bandeira é alterada em uma escala de verde, amarela e vermelha.