Cascavel – No Paraná, a safra de grãos 2019/20 se encaminha para o fim com a colheita da segunda safra e dos cereais de inverno. A expectativa de produção aponta para um volume total de 41 milhões de grãos que serão colhidos no Estado, que representa um acréscimo de 5 milhões de toneladas em relação à safra anterior (18/19), que somou 36 milhões de toneladas de grãos. Esse será o resultado das três safras cultivadas no Estado, a de verão, segunda safra, e de inverno, conforme estimativa do Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, divulgada nessa sexta-feira (31).
O resultado final da safra 19/20 foi alavancado pelo desempenho das lavouras de soja e feijão na primeira safra, da segunda safra de milho e das culturas de inverno que ainda estão a campo, com bom desenvolvimento.
O aumento de produtividade surpreendeu os analistas do Deral. Houve perdas nas culturas da segunda safra, em decorrência da falta de chuvas, mas elas foram compensadas ao produtor com o aumento nos preços dos produtos.
Para o secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, mesmo passando por períodos de estiagem prolongada, jamais vista no Estado em muitos anos, o resultado da safra de grãos no Paraná é considerado surpreendente, tanto em volume como em valor de venda. Os produtores se beneficiaram do aumento das cotações do dólar, já que a maioria dos produtos cultivados no Paraná são commodities.
Para o diretor do Deral, Salatiel Turra, a safra 2019/20 transcorreu bem, apesar de algumas intempéries climáticas provocadas pela estiagem e pelas altas temperaturas. “Se algumas culturas tiveram prejuízos e reduções de produção, como no caso do feijão das secas e do milho da segunda safra, outras se sobressaíram, como foi o caso da soja, que alcançou recorde de produção”, afirmou.
Turra chama a atenção para os retornos econômicos bastante interessantes ao produtor com a atual safra, como no caso da soja, do milho e, possivelmente, para o trigo.
Milho safrinha
Particularmente sobre o milho da segunda safra, que está em fase de colheita, Turra atribuiu ao produtor o resultado favorável da cultura, apesar de ter sido penalizada pela estiagem severa que atingiu o Paraná entre os meses de março a maio. “A princípio, a estimativa de perda para o milho de segunda safra era para ser maior, mas, devido ao investimento em tecnologia nas sementes, nos insumos, ou seja, na qualidade desses produtos utilizados pelos produtores, que estão sendo cada vez mais modernos, mais avançados, a redução de produção não foi tão acentuada como se previa inicialmente”.
Turra salientou que a tecnologia está ajudando os produtores a garantir uma produção boa, mesmo em situações de déficit hídrico.
A colheita avançou entre 35% e 40% da área plantada e está revelando boas produtividades, menores que no ano passado, mas melhores do que o esperado.
Segundo o Deral, a produção deve atingir 11,5 milhões de toneladas, 13% a menos que a safra passada, que atingiu volume de 13,2 milhões de toneladas na safra 2018/19. Segundo Gervásio, a seca contribuiu para evitar a incidência de doenças, o que ajudou a reduzir as perdas decorrentes da falta de água.
Soja produtiva e valorizada
A colheita da soja foi totalmente concluída, com um volume recorde de 20,7 milhões de toneladas, um aumento de 28% sobre o resultado da safra anterior que atingiu 16,13 milhões de toneladas. Foram 4,5 milhões de toneladas colhidas a mais no Paraná, disse o economista Marcelo Garrido, do Deral.
Segundo ele, a soja nunca rendeu tanto no Estado como este ano, reflexo do clima favorável durante o desenvolvimento vegetativo das lavouras, cujo período teve a ocorrência de chuvas regulares nos momentos certos.
Para coroar o bom desempenho das lavouras, a comercialização do grão está sendo uma das melhores dos últimos anos para os produtores, beneficiados pelo aumento da cotação do dólar frente ao real. Para se ter uma ideia, a saca de soja está sendo vendida em torno de R$ 100 a saca com 60 quilos, o que garante muita lucratividade ao produtor. Segundo Garrido, há um ano, a soja era vendida por R$ 66 a saca, quase 50% de aumento nominal nas cotações.
Segundo o Deral, cerca de 91% da soja paranaense, que corresponde a 18 milhões de toneladas, já foi vendida. Para o analista, se por um lado o preço está explodindo, por outro quase não há mais soja para vender porque os mercados externos vieram em busca do produto brasileiro e paranaense com muita voracidade este ano.
Boletim agropecuário aborda previsão positiva para o trigo
O Boletim Semanal de Conjuntura, referente à semana de 27 a 31 de julho, elaborado por técnicos do Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, destaca nessa sexta a boa previsão de safra para a cultura do trigo no Estado.
A área, de 1,13 milhão de hectares, já está toda semeada no Estado. Nela, espera-se uma produção de 3,7 milhões de toneladas, o que traria o Paraná novamente para a liderança desse cereal no País. De acordo com o boletim, terminar o mês com estimativa de safra cheia é positivo, pois as geadas poderiam ter comprometido a produção.
Porém, em algumas regiões, a cultura está necessitando de chuvas, e a previsão é de que o tempo seco permaneça pelos próximos 15 dias.
O documento também destaca que o produtor recebeu R$ 57,44 por saca vendida no Paraná, com valorização de 25% frente ao mesmo período do ano passado. Isso motivou a comercialização antecipada do trigo, que chegou a 15% do volume previsto.
Feijão da segunda safra
A colheita da segunda safra do feijão já foi encerrada, com uma produção de 259,4 mil toneladas, volume 28% inferior à safra em igual período do ano passado, cuja colheita rendeu 360 mil toneladas de feijão no Paraná.
Com a estiagem, a produtividade das lavouras caiu em torno de 41% e o Paraná deixou de colher 179 mil toneladas do grão, informou o engenheiro agrônomo Carlos Alberto Salvador, do Deral.
Computando as três safras do período 2019/20, que está se encerrando, o Paraná deverá colher um total de 579 mil toneladas de feijão, uma redução de apenas 5% em relação ao ano passado.
Segundo Salvador, o desempenho da primeira safra – feijão das águas – salvou o resultado final. Na primeira safra, a produção de feijão no Paraná foi 29% maior que em igual período da safra anterior.
Com a estiagem e a perspectiva de quebra da segunda safra de feijão, o produto estava com preço aquecido até o mês de maio. A saca de feijão, com 60 quilos, estava sendo vendida em torno de R$ 300, um preço considerado excelente. Com a entrada de produção de outros estados no mercado, o preço caiu e se estabilizou entre R$ 180 a R$ 190 a saca, o que ainda é considerado um bom preço pago ao produtor, acima dos custos de produção, avaliou o técnico.