O presidente Jair Bolsonaro nomeou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para o conselho de Itaipu Binacional, e reconduziu aos cargos de conselheiros, entre outros, Carlos Marun, ex-ministro de Michel Temer, e o ex-deputado e delatado da Odebrecht José Carlos Aleluia (DEM-BA). As informações foram divulgadas pelo G1.
As nomeações foram publicadas em edição extra de sexta-feira (15) do “Diário Oficial da União” e assinadas por Bolsonaro e o próprio ministro de Minas e Energia.
O ministro Bento Albuquerque foi conduzido pela primeira vez ao conselho.
Além de Marun e Aleluia, também foram reconduzidos aos cargos de conselheiros Célio Faria Júnior e Wilson Pinto Ferreira Junior.
As nomeações valem até maio de 2024.
Embora tenha criticado a nomeação de Marun por Temer, feita pouco antes de ele deixar a Presidência, Bolsonaro não só o manteve desde então como ainda estendeu sua permanência por mais dois anos.
Salários de R$ 27 mil
Segundo a Itaipu, os conselheiros não recebem jeton, mas “remuneração como qualquer outro empregado do quadro de pessoal da usina”. Em janeiro de 2019, o salário de conselheiro era de R$ 27 mil para participar de reunião a cada dois meses. Não há informação se esse valor já foi reajustado.
Centrão
As nomeações podem estar ligadas aos partidos do chamado Centrão, um bloco informal na Câmara dos Deputados que reúne parlamentares de legendas de centro e centro-direita. Nas últimas semanas, Bolsonaro tem articulado uma aproximação com o grupo.
O Centrão é menos conhecido por suas bandeiras e mais pela característica de se aliar a governos diferentes, independentemente da ideologia, por meio de cargos. Os votos desse bloco podem corresponder até à metade dos 513 parlamentares e serem decisivos na aprovação ou rejeição de uma matéria.
Assim como em outras gestões, as negociações de Bolsonaro com o Centrão envolvem a distribuição de cargos aos partidos, que terão o direito de indicar aliados para as vagas.
Carlos Marun
Carlos Marun foi ministro-chefe da Secretaria de Governo do ex-presidente Michel Temer. Ele foi indicado ao cargo de conselheiro em Itaipu por Temer, mas afastado em março de 2019.
À época, Marun teve a nomeação questionada por uma ação popular e pelo Ministério Público Federal junto à 6ª Vara Federal de Curitiba. Em primeira instância, o pedido foi negado. Na apelação à segunda instância, o relator do processo, desembargador federal Rogério Favreto, suspendeu o ato de nomeação em liminar. No julgamento de mérito pela 3ª Turma do TRF-4, a decisão foi revertida.
José Carlos Aleluia
Em 2017, o nome do deputado federal José Carlos Aleluia surgiu na deleção da Odebrecht. Ele era suspeito de receber R$ 300 mil, via caixa 2, nas eleições de 2010, além de doação legal de R$ 280 mil nas eleições de 2014, segundo inquérito autorizado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato à época no Supremo Tribunal Federal (STF).