Cascavel – Com a colheita dos cereais de inverno praticamente concluída, a safra de grãos 2018/19 no Paraná está sendo encerrada com um total estimado de 36,3 milhões de toneladas, volume 3% acima da safra anterior (17/18), que atingiu 35,4 milhões. É quase 1 milhão de toneladas de cereais a mais produzidos no Estado, segundo levantamento do Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, relativo a outubro.
Já safra de grãos de verão (2019/20), que está sendo plantada, poderá chegar a 23,4 milhões de toneladas, sendo que o cultivo de soja representa 90% da área plantada nesta época do ano no Estado. A safra de grãos de verão poderá ser 19% maior em relação à safra passada, que foi de 19,6 milhões de toneladas.
Segundo o diretor do Deral, Salatiel Turra, a safra começa com um potencial de 4 milhões de toneladas a mais por causa da possibilidade de recuperação da soja, que quebrou ano passado devido à seca, quando foram perdidas mais de 3,5 milhões de toneladas.
Contudo, a seca volta a ser uma preocupação, disse Turra. Sem chuvas regulares, as regiões norte, oeste, noroeste e norte pioneiro estão sofrendo com a estiagem. De acordo com o Deral, a situação hídrica já foi normalizada nas regiões central e sul do Estado. O plantio da safra de verão começa a sofrer atrasos por conta da seca, mas há tempo para recuperação, garante.
Turra diz que, por enquanto, o sinal é amarelo para o plantio de soja. “Há preocupação com o cenário climático que ainda está incerto”.
O plantio de soja da safra 2019/20 foi feito em 45% da área estimada de 5,5 milhões de hectares, porém está um pouco atrasado em relação ao ritmo de plantio de anos anteriores. O período da soja no Paraná vai até 31 de dezembro, então há tempo para recuperação, informou o analista Edmar Gervásio, do Deral.
Preocupação
Em condições normais de clima, o Deral estima um volume de 19,8 milhões de toneladas para a safra de soja, que representa um incremento de 23% sobre a soja da safra passada (2018/19) que atingiu volume de 16,1 milhões de toneladas. A safra anterior foi prejudicada pela seca.
Segundo Gervásio, as últimas chuvas beneficiaram mais as lavouras das regiões sudoeste e sul. Já no oeste, ocorreram chuvas mas insuficientes e o solo voltou a ficar seco. Apenas 18% da área prevista na região foi plantada. A preocupação é que o período para o plantio começa a ficar restrito no oeste.
Se chover no oeste, a soja ainda pode ser plantada. Agronomicamente, é recomendável para o desenvolvimento da planta. Porém, se for considerado o sistema de produção, que inclui o plantio do milho safrinha na sequência, pode haver comprometimento, salientou Gervásio.
Isso porque, segundo ele, o plantio tardio da soja certamente vai comprometer o do milho safrinha da safra 2020 na região, que é bastante significativo para a produção estadual. Quando a soja é plantada mais tarde, a colheita também é tardia, o que vai prorrogar o período de plantio do milho safrinha na região, que está sujeito a ser atingido por geadas no ano que vem.
Quebra no trigo
O trigo da safra 2019 está com 82% da área já colhida. A seca acelerou o ritmo de colheita. Segundo o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho, este é o terceiro ano seguido de safra de trigo ruim no Estado e esta será a menor safra dos últimos anos, com uma quebra de 34% em relação ao potencial. A expectativa de produção foi rebaixada para 2,2 milhões de toneladas, bastante inferior ao ano passado, também afetado pela seca, cujo volume foi de 2,8 milhões de toneladas. O prejuízo estimado aos produtores é de aproximadamente de R$ 50 milhões.