Política

Carne fraca: três pessoas condenadas pela Justiça

Curitiba – O juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, condenou três pessoas na Operação Carne Fraca, na sexta-feira (27), pelos crimes de corrupção passiva e peculato, entre outros. É a primeira sentença da operação desencadeada pela Polícia Federal em março de 2017, que cumpriu mandados de busca e apreensão em grandes frigoríficos e órgãos públicos.

Segundo a investigação, servidores do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) no Paraná teriam feito vista grossa na fiscalização de empresa do setor de carnes em troca de propina e outras vantagens.

Ao todo, eram sete réus nesse processo – quatro deles foram absolvidos: Arlindo Alvares Padilha Júnior, policial federal; Guilherme Dias de Castro, agente de atividades agropecuárias; Cláudia Yuriko Sakai, empresária; e Edson Luiz Assunção, agente de atividades agropecuárias.

Foram condenados o ex-chefe regional do Mapa no Paraná Gil Bueno de Magalhães; o ex-chefe do escritório do Mapa em Foz do Iguaçu Antonio Garcez da Luz; e o assistente administrativo do ministério Carlos Alberto de Campos.

As penas

Magalhães foi sentenciado a 7 anos, 9 meses e 15 dias de prisão no regime semiaberto pelos crimes de advocacia administrativa, corrupção passiva, peculato (apropriação de bens públicos) e uso de atestado médico falso para faltar ao trabalho. Garcez da Luz recebeu uma pena de 4 anos e 1 mês de detenção no regime semiaberto pelos crimes de corrupção passiva e peculato culposo.

Já Campos foi condenado a 3 anos e 8 meses de prisão por peculato. Ele poderá substituir a pena se doar R$ 25 mil a uma entidade pública ou privada de assistência social e se prestar serviços à comunidade em instituição a ser escolhida pela Justiça.

Os três ainda terão de pagar multa, perderão o cargo público por causa da condenação e terão de reparar aos cofres públicos em função dos danos causados ao ministério (por essa condenação específica, Magalhães foi sentenciado a pagar o equivalente a 715 salários mínimos; Garcez da Luz terá de pagar 106 salários mínimos; e Campos, 16,5 salários).

Como a sentença é de primeira instância, todos podem recorrer da sentença em liberdade.

Os acusados foram condenados por corrupção passiva por terem usado o cargo público para obter vantagens indevidas de empresas que teriam de ser fiscalizadas pelo ministério.

A condenação por peculato ocorreu porque eles se apropriaram de uma carga de picanha e de camarão que foi apreendida pela fiscalização do Ministério da Agricultura porque entrou no Brasil ilegalmente no país. A carga apreendida era formalmente do Estado.

Mais cinco ações penais na Justiça

A ação julgada sexta-feira é uma dos seis processos penais que tramitam na Justiça por causa da Operação Carne Fraca. Nas ações, foram denunciadas pelo MPF (Ministério Público Federal) um total de 60 pessoas. E há seis delações premiadas homologadas pela Justiça. Uma delas é de Daniel Gonçalves Filho, outro ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, considerado o chefe do esquema de corrupção. Gonçalves Filho, em seus depoimentos, implicou políticos paranaenses. Essas denúncias continuam em investigação.