Reportagem: Juliet Manfrin
Toledo – A região oeste do Paraná bateu novo recorde na exportação de soja – in natura e processada em óleo – de janeiro a setembro deste ano, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior.
Os números da balança comercial dos nove primeiros meses do ano revelam que, dos R$ 1,7 bilhão exportados pelas sete principais economias do oeste, quase US$ 500 milhões foram de soja (28%).
A melhor marca havia sido registrada em 2018 quando, em igual período, a venda de soja era de US$ 170,4 milhões.
“Isso nos surpreende porque esses números são alcançados mesmo em um ano de turbulências para o mercado do cereal, sobretudo se considerar que 37% de tudo o que foi colhido na safra 2018/2019 segue estocado, aguardando melhor momento para ir para o mercado”, observa o economista Marcelo Dias.
A paradeira na compra do produto vista no meio do ano, quando influências externas e internas impactaram no achatamento dos preços, não culminou em redução das vendas regionais, mas elas foram potencializadas nos últimos dois meses. “O dólar voltou a subir e isso é bom para quem vende, o nosso produto fica mais valorizado lá fora, então muita gente aproveitou para vender em agosto e setembro”, explicou.
Por outro lado, reforça o economista, existe aí um ingrediente que merece atenção à parte. “Vender a soja in natura é muito mais barato do que colocá-la no mercado de forma processada, com valor agregado, como são as carnes ou o preparo para a ração, por exemplo. Isso gera emprego, renda e várias cadeias são favorecidas na região. O foco sempre deve estar em atender cada vez mais mercados com esses produtos”, alertou.
Só que, pela região, a maior fatia em vendas é do grão sem processamento. De tudo o que foi vendido no complexo soja neste ano, US$ 329,1 milhões, ou seja, 67%, referem-se a grãos in natura. Em toneladas, a soma foi de quase um milhão, com valor médio de US$ 341/ton.
O município de maior destaque nessas transações foi Toledo, com quase 800 mil toneladas que renderam US$ 269 milhões.
Em igual período do ano passado, todo o oeste havia vendido menos de 300 mil toneladas da soja em grãos, que renderam quase US$ 114 milhões. Toledo era responsável, na época, por 277 mil toneladas e US$ 106,3 milhões.
Para o economista, a explicação no aumento da venda está na guerra comercial travada entre Estados Unidos e China. “Isso acabou favorecendo esse tipo de negociação com o Brasil. Enquanto eles discutiam tarifação, foi possível fechar negócios, mas é um mercado volátil que pode mudar a qualquer momento”, destacou.
No comparativo entre produtos vendidos para fora, a diferença de valores chama atenção. O óleo de soja, por exemplo, foi outro item que ganhou mais mercado neste ano. Com valor agregado, ele somou 73,7 mil toneladas ao preço de US$ 48,5 milhões. A tonelada do produto somou US$ 656, 92% a mais que o grão natural.
As chamadas tortas com resíduos da extração do óleo de soja somaram quase US$ 106 milhões, para 318,2 mil toneladas, média de US$ 333 a tonelada.
Venda do cereal nos próximos meses
“Os estoques mundiais não estão baixos, estamos plantando uma nova safra, os Estados Unidos vão colher a safra, a China tem problemas sanitários e vai precisar de menos produto. Então muito provavelmente nesta reta final de ano a venda dê uma freada, principalmente com a possível reaproximação comercial entre EUA e China”, lembrou Marcelo Dias.
A notícia animadora, segundo o economista, é que algo próximo a 60% das exportações regionais se mantêm com as carnes. “E neste caso é importante expandir esses mercados com valor agregado, eles geram emprego e renda”, destaca.
Vendas ao exterior superam todo ano de 2018
Ao contrário do que se observou com a balança comercial brasileira, com redução nas exportações, sobretudo no complexo soja, na região as comercializações se mantiveram em alta. As exportações avançaram 38% de janeiro a setembro deste ano se comparado a igual período de 2018 quando as vendas somavam US$ 1,232 bilhão. Com US$ 1,7 bilhão neste ano, é a melhor marca da história. Inclusive, o valor dos nove meses já ultrapassou tudo o que foi exportado em 2018 (US$ 1,65 bilhão).
As importações também cresceram, mas na casa dos 23% no comparativo. Em 2018, no período, eram US$ 355,9 milhões e agora foram US$ 437,4 milhões. O saldo da balança, que também é o melhor de toda a série histórica, é de US$ 1,263 bilhão contra US$ 876,5 milhões em igual período em 2018.